Volume negociado na Bovespa cresce 48% em 2004

09/01/2009

Por Márcio Juliboni

EXAME Depois de liderar o ranking das aplicações financeiras pelo segundo ano consecutivo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) exibe novos sinais que comprovam o fôlego do mercado acionário. O pregão encerrou o ano com um volume financeiro recorde de 304,1 bilhões de reais. A cifra também é 48,63% superior aos 204,6 bilhões movimentados pela bolsa em 2003 (veja a tabela abaixo).

O crescimento da economia foi o primeiro fator que elevou o número de negócios no ano passado. Os contínuos superávits comerciais, o impulso gerado pelo agronegócio e a gradual recuperação do mercado interno contribuíram para melhorar a saúde financeira das companhias, o que animou os investidores a apostar no pregão. O otimismo levou o Ibovespa (que reflete as ações com maior liquidez da bolsa) a bater o recorde de 26 196 pontos em 30 de dezembro. O ano também registrou outros recordes, como o maior número de negócios realizados em um dia (121 379 operações, em 15 de dezembro) e o maior volume diário negociado (4,9 bilhões de reais, também em 15 de dezembro).

Para Milton Milioni, diretor da corretora Geração Futuro, sem a expansão econômica do ano passado, a Bovespa não teria um desempenho tão positivo. “Com a economia estagnada, aumenta a aversão ao risco”, afirma. Foi o que aconteceu, por exemplo, nos dois últimos anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2001, com o racionamento de energia elétrica e a crise argentina, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 1,42%, enquanto a Bovespa acumulava perdas de 11%. No ano seguinte, o temor da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais e a crise cambial fizeram o país avançar 1,52%. Já a bolsa se desvalorizou 17%.

Novos investidores

O desempenho recorde da Bovespa, em 2004, também foi estimulado pela chegada de novos investidores ao pregão, o que acarreta naturalmente um incremento do volume de negócios. Segundo Milioni, as pessoas físicas estão perdendo o medo de aplicar em ações, depois que a bolsa lançou o bem sucedido programa “A Bovespa vai até você”, cujo objetivo é esclarecer dúvidas e popularizar o mercado acionário.

Mas uma parte importante dos novos investidores foi atraída pelas aberturas de capital realizadas no ano passado. “Essas operações foram fundamentais, porque trouxeram mais dinheiro para a bolsa e contribuíram para a sua divulgação na imprensa”, afirma William Eid Jr., coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas.

A constatação pode ser medida em números. O volume médio diário negociado pela Bovespa foi de 1,221 bilhão de reais no ano passado, o que representa um crescimento de 49,2% sobre os 818 milhões de média em 2003. O número médio de negócios por dia cresceu 35,7% entre 2003 e 2004, passando de 39 597 para 53 751 operações.

Com isso, as pessoas físicas se equipararam aos outros tipos de investidores que operam no pregão. No ano passado, elas responderam por 27,5% dos negócios, ocupando o segundo lugar, atrás dos investidores institucionais (28,1%), e à frente dos estrangeiros (27,3%), instituições financeiras (13,8%), empresas (3%) e outros (0,4%).

Os estrangeiros, aliás, não resistiram às perspectivas de aumento da taxa básica de juros dos Estados Unidos e partiram para os títulos do Tesouro americano. Com isso, o saldo de recursos externos aplicado na Bovespa caiu para 1,803 bilhão de reais, depois de registrar um recorde de 7,495 bilhões em 2003.

Revista Exame
6/1/2005