Viagens: vale a pena investir em moeda estrangeira ou ficar com o real?
14/01/2009
Ela já dava sinais em 2007, mas poucos acreditavam que iria bater na porta de suas casas. Começou no mercado imobiliário americano, e logo provocou a falência de bancos e a fuga de investidores do Brasil. Foi então que a cotação do dólar subiu em um espaço curto de tempo, sem se estabilizar em algum patamar.
Por isso, para quem ainda vai viajar, o professor PhD da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Marcos Crivelaro, indica que o investimento na moeda americana seja feito aos poucos. "Num período de volatilidade, o que se precisa fazer é comprar aos poucos, semanalmente ou quinzenalmente. O que não dá é deixar para a última hora", explicou, completando que desta forma o turista fica sem alternativas.
Já o professor de Economia e Finanças do Departamento de Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), José Nicolau Pompeo, afirmou que diante do cenário atual, a maneira de comprar aos poucos pode ser arriscada, uma vez que o dólar tem oscilado para cima, acompanhado por outras moedas estrangeiras. "Como a tendência é de alta, a pessoa acaba comprando cada vez com valor maior", ponderou.
Entenda mais sobre o câmbio
Um dos fatores que determina o valor de uma moeda é a quantidade disponível. Com a crise financeira, muitos investidores que traziam o dólar para o Brasil acabaram por se afugentar em aplicações mais seguras, diante do cenário de incertezas. Seu valor, então, subiu.
No caso do dólar, o governo brasileiro mantém reservas para poder controlar sua cotação, vendendo em momentos de alta e comprando quando está em baixa.
Atualmente, de acordo com o professor da PUC-SP, o que acontece é que o dólar está muito volátil, o que dá ganhos aos especuladores.
"Hoje o valor do dólar é imprevisível, por causa da volatilidade. Se ele adquirisse certo equilíbrio, o que eu acho difícil, daria para dar dicas de investimento na moeda. É impossível ele se equilibrar porque o volume de dólar no comércio mundial é altíssimo, de 20 vezes a reserva nacional", afirmou Pompeo.
Os dois lados da moeda
Quem havia comprado dólar no início do ano passado, depois de uma viagem, saiu ganhando. Isso porque seu valor aumentou. Já quem tardou a comprar a moeda para realizar uma viagem no final do ano, saiu perdendo. Isso significa que a volatilidade do câmbio é que faz dele uma alternativa de investimento. Cabe ao turista estar atento para sair ganhando.
Marcos Crivelaro, da FIAP, indica para quem voltou de viagem e pretende fazer outra, que permaneça com a moeda estrangeira, fugindo de oscilações. Para quem não tem perspectiva de viajar novamente, ele orienta que a pessoa troque a moeda para equilibrar o orçamento, no caso de dívidas.
Por outro lado, o professor da PUC-SP afirmou que ficaria com o investimento na moeda estrangeira, uma vez que as oscilações têm viés de alta. "Quando voltar, se a pessoa não precisa do dinheiro, eu diria para guardar. Deixaria para vender no segundo semestre. Nesse cenário que se apresenta, o interessante é manter a moeda estrangeira".
Questionado sobre se ele indicaria a uma pessoa vender a moeda e aplicar o dinheiro, Pompeo disse enfaticamente que não: "As aplicações estão dando taxas reais de rendimento negativas. A Bolsa subiu neste começo do ano, mas quem disse que ela continuará em alta. Esse movimento é totalmente especulativo".
Meios de pagamento
Em momentos de alta oscilação do câmbio, a principal dica nas viagens internacionais é evitar o uso do cartão de crédito, cuja cotação da moeda é estipulada no momento do fechamento da fatura. E é impossível saber qual será o valor do dólar. Então, você gasta um montante pensando que poderá arcar com o valor, mas depois leva um susto!
Para evitar surpresas desagradáveis, o que o turista tem feito é usado os VTMs, que são cartões pré-pagos, que podem ser carregados na moeda estrangeira. Com ele, é possível realizar compras em estabelecimentos credenciados e fazer saques em várias partes do mundo com a moeda local.
Existem os turistas mais tradicionais que não abrem mão do papel moeda, que tem mais liquidez. Outros, preocupados com a segurança, optam pelos cartões e cheques.
Info Money