Vendas da indústria sobem 2,85%, diz CNI
09/01/2009
O faturamento da indústria brasileira reagiu e cresceu 2,85% em fevereiro em relação a janeiro, quando as vendas caíram 3,20% na comparação com dezembro de 2004, segundo pesquisa mensal da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Para a CNI, a análise dos resultados dos dois primeiros meses do ano demonstra que, embora a produção nacional esteja em trajetória de crescimento, o setor está reduzindo a expansão de 2004, quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 5,2%.
Os juros altos, que inibem os investimentos, e a valorização do real, que reduz o faturamento em reais das empresas que exportam, são citados pela CNI como motivos desse desempenho. A taxa de juros, hoje em 19,25% ao ano, vem subindo desde setembro, e o dólar acumula desvalorização de 14,6% desde julho de 2004, quando começou a perder valor.
Segundo o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, mesmo crescendo menos do que em 2004, a produção industrial deve continuar em alta nos próximos meses por causa da demanda externa, o que beneficia as exportações, e do aquecimento esperado para a demanda interna.
“O aumento, ainda que lento, da massa de salários na indústria, os gastos do setor público e o aumento do salário mínimo [para R$ 300 em maio] devem manter o consumo interno”, disse Castelo Branco. “Mas, se os juros continuarem crescendo até agosto, como prevê o mercado, podemos ter resultados negativos no segundo semestre.”
Apesar de ter apresentado uma pequena queda de 0,12% com relação a janeiro, o nível de utilização da capacidade instalada, em torno de 81%, está alto, diz a CNI.
Bom começo de ano
“Não há registro de um começo de ano com um nível de utilização de capacidade tão elevado. O alto aproveitamento do parque produtivo num início de ano, período sazonalmente fraco, sinaliza que o investimento em máquinas e equipamentos deve permanecer como tema prioritário em 2005”, diz o boletim informativo da CNI.
Segundo Castelo Branco, outra razão que explica o contínuo crescimento da produção, apesar do esperado efeito inibidor da apertada política monetária do governo, é a aposta do setor industrial na queda dos juros nos próximos meses.
Os números da indústria de máquinas confirmam a tese da CNI. A importação de bens de capital subiu de US$ 886 milhões no primeiro bimestre de 2004 para US$ 1,1 bilhão neste ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
Outro indicador que confirma a aposta do setor industrial no afrouxamento da política monetária é o crescimento contínuo, desde janeiro do ano passado, do número de pessoal empregado, de acordo com a avaliação da CNI. Em fevereiro, o aumento foi de 0,23% em relação a janeiro.
“O mercado de trabalho é mais lento do que o financeiro. Se as empresas não estão demitindo, mas estão contratando, é porque apostam no aumento da produção”, disse Castelo Branco. Os salários líquidos reais pagos pela indústria também têm aumentando desde janeiro de 2004. Em fevereiro, a variação foi de apenas 0,09%, a menor desde o início de 2004.
Folha Dinheiro
CLÁUDIA DIANNI
6/5/2005