Valor da carne exportada do Brasil cresce 15%

09/01/2009

Apesar dos surtos de febre aftosa que atacaram rebanhos de gado brasileiro desde outubro do ano passado, o valor das exportações brasileiras de carne bovina cresceu 15% de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período de 2005. O total exportado atingiu US$ 2,04 bilhões, ante US$ 1,76 bilhão, segundo dados divulgados hoje (17) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O principal fator responsável pelo crescimento foi a alta dos preços internacionais do produto, segundo a entidade, já que, em quantidade, a exportação de carne bovina nesses sete meses subiu apenas 1,12% em relação ao ano passado, passando de 807,9 para 816,9 milhões de toneladas. A carne “in natura” apresentou queda 0,89% na quantidade vendida, mas teve 10,8% de aumento no preço.

De acordo com a CNA, os embarques de carne industrializada subiram 15,2% e os valores se elevaram 41,3% no período. As exportações de miudezas de bovino caíram 0,7% em quantidade, enquanto os preços subiram 12,9%. O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, disse que os grandes frigoríficos estão de certa forma conseguindo “driblar” os embargos dos países importadores porque a maioria das restrições é direcionada a Estados específicos e não a todo o País.

Desse modo, eles manobram para concentrar as exportações nos Estados para os quais não há embargo. Segundo o Ministério da Agricultura, 58 países mantém algum tipo de embargo (total ou parcial) a algum tipo de carne brasileira.

Preço – A CNA comemorou a alta de 16,7%, entre junho e agosto, no preço da arroba do boi gordo, que significa a remuneração aos produtores. O preço passou de R$ 47,83 para R$ 55,83. “Depois de quase dois anos de queda seguida, houve uma pequena melhora”, afirmou Nogueira, lembrando que o valor ainda está longe dos R$ 67,42 que se pagava pela arroba em janeiro de 2004.

A recuperação do preço ao produtor, para a CNA, foi resultado da redução do abate, que diminuiu a oferta do produto, aliada a uma maior procura dos brasileiros por carne bovina. “Ajudaram a aumentar a demanda as notícias de gripe aviária que macularam a imagem da carne de frango e os preços da carne bovina ainda baixos aos consumidores finais em razão da histórica perda dos produtores”, explicou o presidente do Fórum.

A CNA não tem números exatos sobre o aumento do consumo no mercado interno, mas estima uma elevação de pelo menos 2 quilos de carne bovina por habitante nos últimos 12 meses. Com isso, o consumo médio está na casa de 37 quilos por habitante. Para Nogueira, “ainda é cedo” para prever se essa recuperação do preço aos produtores vai se manter até o final do ano. “Há muitas variáveis envolvidas nessa equação como o clima, que não temos qualquer controle”, afirmou.

Ele destacou, no entanto, que essa elevação não é motivo suficiente para que haja aumento de preços ao consumidor final neste momento porque os varejistas ainda teriam “muita margem” para absorver esse custo.

Fonte:
Jornal do Comércio online