Trichet diz que BCE não vai tolerar inflação

14/05/2010

FRANKFURT – O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, procurou desfazer temores de que a nova política da instituição de compra de títulos poderá provocar inflação em entrevista publicada nesta sexta-feira no jornal de negócios alemão Handelsblatt.

"A estabilidade dos preços é nosso mandato primário e nos últimos 11 anos e meio cumprimos nosso mandato com sucesso. Não mudamos nossa postura na política monetária", disse Trichet segundo o jornal. "A liquidez adicional que estamos oferecendo por meio da compra de títulos dos governos europeus será retirada. Depósitos com resgate em data prevista e com taxa de juro fixa podem ser uma maneira de retirar esta liquidez".

"O comitê de governadores (BCE) não vai tolerar inflação", afirmou Trichet de acordo com o jornal.

 

Rompendo a tradição, o BCE anunciou segunda-feira intervenção nos mercados de dívida dos governos mais afetados pela recente onda de volatilidade, provocada por aumento dos temores de que outros membros da zona do euro, além da Grécia, enfrentem problemas de liquidez para honrar vencimentos de suas dívidas.

Trichet afirmou que o BCE tomou essa medida em consequência de "circunstâncias excepcionais, que exigiram uma ação rápida".

Ele não estimou o tamanho do programa de compra de títulos, mas disse: "não estamos alterando nossa postura de política monetária. Não estamos embarcando em uma política de flexibilização quantitativa. Iremos retirar a liquidez que injetaremos, principalmente por meio da oferta de depósitos a termo".

Trichet acrescentou que a Europa certamente precisa de mudanças nos fundamentos, não somente relacionadas à supervisão e à monitoração das políticas fiscais, mas também das políticas estruturais e de competitividade.

Trichet também discordou da noção de que as medidas adotadas pelo BCE irão prejudicar o crescimento na Europa. "É uma falácia dizer que a solidez fiscal reduz o crescimento. É exatamente o contrário. É a ausência de credibilidade fiscal que prejudica o crescimento", disse. As informações são da Dow Jones. 

Fonte:
Cynthia Decloedt, da Agência Estado