Transgênico ocupará 50% da lavoura
09/01/2009
São Paulo, 21 de Setembro de 2006 – Plantio da soja modificada será 15% maior que no ano passado, dizem Embrapa e Abrasem. O Brasil vai aumentar o plantio de soja transgênica na próxima safra. A estimativa é que entre 40% e 50% da área cultivada com a commodity utilize sementes geneticamente modificadas – ou até 11 milhões de hectares. Isso representa um aumento de até 15% ante ao que foi plantado no ano passado. Em 2005, a tecnologia abacanhou cerca de 30% da superfície cultivada com o grão.
“Agora é que, em crise, o produtor quer reduzir custos e usar a tecnologia transgênica”, diz Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), explicando porque haverá um boom do uso de sementes com organismos geneticamente modificados (OGMs).
Segundo o pesquisador Amélio Dall´Agnol, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja), esta é a primeira safra em que há um volume de sementes certificadas transgênicas, pois no ano passado as empresas ainda estavam multiplicando o grão. Por isso, grande parte do cultivo ainda será de semente crioula (reproduzida na fazenda, sem certificação) – acredita-se que um quarto do que for plantado.
Dados da Embrapa Soja e da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) mostram que o Rio Grande do Sul – onde o cultivo iniciou ilegalmente em 1997, com o contrabando da Argentina – segue na liderança do plantio: entre 95% a 98% da área cultivada será com sementes geneticamente modificadas. Os demais estados do Sul também estariam entre os maiores utilizadores da tecnologia: cerca de 50% das lavouras de Santa Catarina e Paraná. No Centro-Oeste, apenas 25% da safra terá OGMs.
Apesar da existência, nesta safra, de uma quantidade maior de semente certificada, o Rio Grande do Sul continua plantando o grão crioulo. “Tendo em vista o atraso no anúncio da troca, apenas 35% a 40% da lavoura gaúcha terá semente certificada”, diz Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul). Segundo ele, os produtores acabam por usar sementes crioulas porque as variedades certificadas existentes até o momento eram destinadas a outros estados.
O sistema de troca-troca (ver matéria abaixo) é combatido pela Abrasem. “Como eu contrabandeio e ainda tenho crédito? “, questiona Iwao Miamoto, presidente da Abrasem. No entanto, foi o contrabando gaúcho que impôs a legalização da lavoura. O governo só autorizou a venda de sementes certificadas depois que foi criado o problema de comercialização da safra no Rio Grande do Sul.
Miamoto diz que é muito mais vantajoso o agricultor buscar a semente certificada. Segundo ele, com a semente legal paga-se menos taxa tecnológica para a Monsanto – que detém a patente da tecnologia – do que com a crioula. Além disso, estaria menos susceptível a problemas de produtividade. Dall´Agnol explica que uma semente certificada tem maior poder de germinação, por isso a produtividade pode ser maior que a da crioula.
Fonte:
Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados
Neila Baldi