TIM ultrapassa Claro e assume a vice-liderança
09/01/2009
Operadora italiana alcança 21,36% dos usuários de telefonia móvel no país
A italiana TIM ultrapassou a Claro e assumiu, pela primeira vez, a vice-liderança no mercado brasileiro de telefonia móvel.
O grupo italiano chegou ao final de março com mais de 14,6 milhões de clientes, número que representa 21,36% do total de usuários de celular no país.
A Claro – controlada pela América Móvil, do México – fechou o primeiro trimestre com 20,73% do mercado nacional. A operadora informou ter 14,3 milhões de clientes no Brasil.
O levantamento foi feito pelo Teleco, comunidade virtual mantida por profissionais do setor de telecomunicações, com base em dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No fim de março, havia 68,6 milhões de usuários de celular no Brasil.
A Vivo, operadora dos grupos Telefónica Móviles e Portugal Telecom, é líder no mercado brasileiro e tem cerca de 27 milhões de assinantes. Porém, tem perdido espaço para as rivais.
O número oficial de clientes da TIM só será conhecido quando o grupo divulgar, na Itália, as demonstrações financeiras do primeiro trimestre. Hoje, será conhecido o balanço da TIM Participações, com os resultados no Nordeste e Sul brasileiros.
A briga pelo segundo lugar transcende a disputa por determinado número de clientes. É principalmente uma questão de sobrevivência em meio à pesada competição na telefonia móvel.
“No longo prazo, os serviços oferecidos por todas as empresas ficarão muito similares. O que vai definir a escolha da operadoras serão as tarifas”, afirmou o analista Roger Oey, do Banif. “Quem tiver mais escala e custos menores será mais competitivo.”
Em mercados consolidados, como o europeu, a margem operacional das duas primeiras colocadas tem ficado historicamente cerca de dez pontos percentuais acima do índice apresentado pelas demais operadoras.
Nem sempre haverá quatro competidores em cada subdivisão do mercado brasileiro, destacou Stephen Graham, analista do banco UBS. Ter escala, afirma ele, pode definir quem serão os sobreviventes. De acordo com ele, os custos fixos representam cerca de 70% dos custos totais das companhias do setor e ter mais clientes ajuda a diluir as despesas.
Procurada, a Claro informou que não comentaria o assunto. A TIM disse que o presidente da empresa, Mario Cesar Pereira de Araujo, não estava disponível para dar entrevista ontem.
A ultrapassagem da operadora italiana já era esperada. Até o final do ano passado, a Claro conseguiu se manter à frente da rival, mas com uma pequena margem de alguns milhares de clientes.
O presidente do Teleco, Eduardo Tude, disse que as operadoras estão em momentos diferentes. “A TIM lançou sua operação nacional de GSM em 2002. A Claro tem uma marca mais nova, lançada no ano passado, e está em fase de grandes investimentos na rede e em promoções”, destacou.
Outro fator que coloca a TIM naturalmente em vantagem é que a empresa tem atuação própria em todos os Estados brasileiros. A operadora da América Móvil, no entanto, está fora de Minas Gerais e da região amazônica.
A Claro está erguendo sua rede em Minas e quer começar a atuar no Estado antes do fim do ano. Paralelamente, analisa a compra da Telemig Celular e da Tele Norte Celular, controladas pelo Citigroup e fundos de pensão. Ambas foram colocadas à venda pelo antigo gestor, o Opportunity.
A Vivo também é citada como candidata à compra da Telemig. Se a Claro levar a melhor, retomará a vice-liderança nacional.
Ontem, em teleconferência para comentar o balanço do primeiro trimestre, o presidente da América Móvil, Daniel Hajj, confirmou o interesse na operadora mineira. “Se a Telemig tiver um bom preço, ficaremos felizes em conversar”, afirmou. Segundo ele, porém, as negociações estão paralisadas.
Sem contar com o fator Telemig, a TIM deverá abrir a vantagem sobre a Claro nos próximos meses, avalia Tude. A empresa está em condições financeiras melhores, o que dá a ela mais fôlego para amortecer o impacto dos subsídios à venda de aparelhos.
“A TIM está procurando assinantes nos planos pós-pagos. A Claro está voltada para o segmento mais popular porque a América Móvil trouxe essa filosofia”, disse Oey, analista do Banif.
A TIM melhorou sua rentabilidade no ano passado, quando obteve margem operacional (medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) perto de 20%, segundo levantamento do Teleco.
A margem da Claro caiu a quase zero em 2004. No primeiro trimestre deste ano, ficou em 6,5%, segundo o balanço divulgado anteontem pela controladora.
Apesar da melhora, o índice ficou abaixo da meta de 10% traçada pela América Móvil e a companhia já admite revê-lo. “Poderemos fazer uma revisão depois do Dia das Mães”, disse Hajj.
A Claro obteve receita de R$ 1,4 bilhão entre janeiro e março de 2005, o que representa crescimento de 29,8% sobre o mesmo período do ano passado.
Segundo Hajj, a competição está aumentando no Brasil. “Está mais intensa agora do que no quarto trimestre do ano passado”, afirmou.
Para o consultor Jean Claude Ramirez, da Bain & Company, as operadoras brasileiras estão ampliando sua base de clientes à custa de uma compressão perigosa das margens de lucro. “O negócio de telefonia celular exige margens de 40% a 50%. Quanto tempo levarão para recuperar o que perderam?”, questionou.
Entre as operadoras brasileiras, as empresas da Vivo e a Telemig Celular são as mais próximas desses índices de rentabilidade.
Em apresentação recente a analistas, o presidente da TIM, Marco de Benedetti, afirmou que a margem operacional no Brasil deverá superar 30% em 2007 – quando o grupo pretende ter 22 milhões de clientes no país.
Valor Economico
Talita Moreira
27/4/2005