TIM e Vivo em foco na Bolsa, após compra da Telecom Italia
09/01/2009
A segunda-feira promete fortes movimentações nos papéis de TIM Participações e Vivo na Bolsa de Valores de São Paulo, após o anúncio, no final de semana, da compra da Telecom Italia pela espanhola Telefónica juntamente com um consórcio italiano – uma transação avaliada em € 4,1 bilhões (US$ 5,6 bilhões).
A notícia representa um passo importante na consolidação do setor, o que pode trazer reflexos relevantes para as companhias celulares brasileiras. Além do impacto direto na TIM, as ações da Vivo também devem reagir, pois a Telefónica detém 50% da empresa, dividindo o controle com a Portugal Telecom.
Segundo os avisos ao mercado, a Pirelli & C. SpA e a família Benetton concordaram em vender 100% da Olimpia, holding que controla a Telecom Italia. O negócio conferiu ao consórcio comprador uma participação de 23,6% na maior companhia de telecomunicações da Itália.
Em comunicado, a Pirelli informou que o valor definitivo da transação será determinado pela diferença entre os 2.407.345.359 papéis da Telecom Italia detidos pela Olimpia – avaliados a € 2,82 a unidade (€ 6,8 bilhões no total) – e a dívida líquida desta última calculada na data do acordo, incluindo o montante de € 337 milhões em dividendos recebidos da empresa italiana.
Os parceiros da Telefónica no negócio, cuja conclusão está prevista para o final de outubro deste ano, são os bancos italianos Intesa Sanpaolo e Mediobanca, a seguradora Generali e uma holding da família Benetton, chamada Sintonia. O controle da Olimpia ficará a cargo de uma nova companhia, denominada Telco, cujo presidente será nomeado pelos italianos. A empresa espanhola deterá 42,3% desta sociedade e terá direito a dois assentos no conselho de administração da Telecom Itália.
Pelos termos do acordo, ainda sujeito a aprovação dos órgãos reguladores competentes, os sócios italianos ficarão com 57,7% da Telco, sendo 28,1% com a Generali, 10,6% com o Intesa Sanpaolo e Mediobanca, cada um, e a Sintonia com a fatia restante de 8,4%.
A Telefónica acrescentou que vai investir 2,3 bilhões de euros (US$ 3,14 bilhões) na nova companhia e que esta irá promover um aumento de capital de 900 milhões de euros (US$ 1,23 bilhão). Analistas projetam que a transação entre a companhia espanhola e a Telecom Italia irá gerar sinergias da ordem de € 2 bilhões, especialmente no Brasil. Em seu primeiro comentário sobre o assunto, logo após o anúncio oficial, o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, disse que se manteria neutro quanto ao futuro da operadora de telecomunicações do país, mas elogiou o compromisso renovado feito pelas instituições financeiras italianas.
O desfecho do negócio foi considerado uma vitória do governo italiano, que pretendia manter sob domínio local o comando da maior empresa de telecomunicações do país. A iniciativa barrou as pretensões do bilionário mexicano Carlos Slim, que por meio das operadoras de telecomunicações América Móvil e Telmex tentava comprar a fatia da Pirelli na Olimpia. A norte-americana AT&T chegou a entrar na disputa ao lado de Slim, mas depois desistiu da oferta.
A venda também representa a saída final da Pirelli do comando da Telecom Italia, depois do investimento caro que a primeira fez na segunda em 2001. As ações da empresa de telecomunicações perderam quase a metade de seu valor nos últimos seis anos.
Cresce agora a expectativa quanto ao realinhamento estratégico da Vivo. Na última quarta-feira (25), a Telefónica confirmou à Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV) de Madri que vem mantendo negociações com a Portugal Telecom a respeito do futuro acionário da Brasilcel, controladora da operadora brasileira de telefonia celular. Até então, porém, nenhum acordo havia sido fechado. Com informações da agência Dow Jones.
Fonte:
Agencia Estado
Márcio Anaya e Marcílio Souza