Telecom Italia diz que vende BrT; mercado duvida

09/01/2009

O presidente mundial da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, disse ontem, em Milão, que contratou o banco J.P. Morgan para vender a participação do grupo na operadora Brasil Telecom.

Não é a primeira vez que o executivo fala em vender a participação na BrT – uma intenção que é encarada com ceticismo pelo mercado. No ano passado, quando o então presidente da TI no Brasil, Paolo Dal Pino, deixou o país, após o insucesso nas negociações para comprar as participações dos fundos de pensão que controlam a BrT, ele falou em sair do negócio. Há dúvidas entre analistas se haveria comprador. Comenta-se também que o anúncio não seria para valer, mas apenas uma manobra para acalmar os investidores diante dos resultados ruins.

É consenso no mercado que os potenciais compradores só podem ser os fundos de pensão e o Opportunity, sócios da BrT, pois dificilmente um acionista de fora do negócio compraria apenas a participação minoritária da TI na operadora que vive em ambiente de litígio. Isso aconteceria se todos vendessem ao mesmo tempo.

Para o analista Guilherme Marins, da Ativa Corretora, a declaração de Tronchetti é uma forma de pressionar os fundos de pensão e abrir espaço para voltar às negociações.

Ontem, em conferência com analistas na Itália, Tronchetti comentava as aquisições do grupo em outros países quando foi perguntado sobre a operação brasileira. Ele respondeu que, no Brasil, ao invés de ir às compras, o grupo italiano contratou o banco para se desfazer dos papéis que detêm na BrT.

A TI deixou o bloco de controle da BrT em 2002 para poder lançar a operação móvel do grupo, a TIM, já que as regras do setor no Brasil impediam que ela fizesse parte da gestão de uma concessionária e lançasse outra operação. A companhia, no entanto, voltou ao bloco de controle em 2005, mas recebeu da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a incumbência de resolver as sobreposições de licenças com a operadora até outubro deste ano.

Na segunda-feira, o presidente da TIM no Brasil, Mário Cesar Pereira de Araujo, perguntado sobre a aproximação do prazo final dado pela Anatel, afirmou ao Valor Online que “os acionistas sabem dessa necessidade e até outubro isso estará resolvido”.

A Brasil Telecom está sob administração compartilhada dos fundos de pensão e do Citigroup desde setembro do ano passado, depois que os sócios afastaram o Opportunity da gestão e substituíram os conselheiros em todas as empresas que fazem parte da cadeia societária. A Telecom Italia detém participação de cerca de 19% no capital, mas não pode participar das decisões que envolvam a telefonia móvel ou a longa distância, de acordo com as determinações do órgão regulador.

O acordo entre os atuais administradores, no entanto, prevê que, se a companhia não for vendida até novembro de 2007, os fundos serão obrigados a adquirir a parte do Citigroup na companhia com um ágio equivalente a 240% do valor de mercado. Em agosto do ano passado, isso representava algo em torno de R$ 1,045 bilhão.

Sérgio Rosa, presidente do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), que detém a maior fatia da operadora entre as fundações, afirmou aos jornalistas, no início deste mês, que a preferência para a compra da participação continua sendo da Telecom Italia.

Fonte:
Valor Online