Tecnologia ultrapassada põe em risco eficiência do setor sucroalcooleiro

09/01/2009

A falta de investimento do governo e do setor sucroalcooleiro em pesquisa e tecnologia na produção de álcool pode pôr em risco a posição que o País ocupa de melhor produtor mundial desse energético. A produção anual de álcool de milho dos Estados Unidos já se iguala à de álcool de cana-de-açúcar brasileira: 17 bilhões de litros ao ano. Porém, a indústria nacional ainda é mais eficiente, porque produz uma quantidade maior de álcool com menos matéria-prima.

O alerta foi dado, nesta segunda-feira (19/06), pelo professor aposentado da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), Henrique Amorim, que esteve na Fiesp, a convite do Departamento de Infra-estrutura, para falar sobre as novas tecnologias na produção do álcool.

Amorim, que também é presidente da Fermentec, empresa de consultoria especializada em fermentação alcoólica e controle laboratorial de todas as etapas de produção de açúcar e álcool, disse que falta ao empresariado brasileiro consciência da importância de tais investimentos. “O setor ganharia de 3 a 4% em eficiência, se houvesse aplicações maiores em inovação tecnológica”, afirmou.

De acordo com ele, os gastos atuais com pesquisa e tecnologia não ultrapassam 0,3% do faturamento da indústria sucroalcooleira. “A Fermentec, que presta consultoria para companhias que detêm 40% da produção de álcool e açúcar no País, investiu 20% de seu faturamento em pesquisa”, informou.

Entre os problemas do setor que poderiam ser resolvidos com novas tecnologias, Amorim citou a necessidade da seleção de novas leveduras, para melhorar o processo de fermentação; o alto grau de contaminação bacteriana em todo o processo industrial e o teor alcóolico nas dornas, que poderia ser maior para proporcionar economia de energia no momento da destilação.

Amorim também adiantou que o Brasil já dispõe de tecnologia para produzir álcool de milho e que existe, inclusive, uma empresa interessada em fazê-lo. “O álcool de milho ainda não é vantajoso, mas, como o custo para montar uma destilaria de álcool de cana-de-açúcar subiu muito de cinco anos para cá, por causa da concorrência, não deixa de ser uma opção”, afirmou ele.

Apesar do custo elevado, o número de projetos de novas destilarias chegam a 90 em todo o País. Isso ocorre devido às perspectivas de expansão do mercado no mundo inteiro. “Em 2011, a produção brasileira de álcool, provavelmente, chegará a 25 bilhões de litros”, adiantou Amorim.

Fonte:
Mariana Ferreira
Agência Indusnet Fiesp