Tecnologia integra latino-americanos

09/01/2009

Os bancos brasileiros vão iniciar uma aproximação com bancos de outros países da América Latina para troca de experiências em campos estratégicos como tecnologia, bancarização de populações de baixa renda e Acordo da Basiléia. Carlos Augusto de Oliveira, diretor de tecnologia do BankBoston, define o movimento como “integração” entre os bancos do Cone Sul. “Estamos descobrindo cada vez mais que há grande interesse na integração”, afirmou Oliveira, que está coordenando a primeira iniciativa institucional de integração entre a Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) e sua congênere, a Federação Latino-Americana (Felaban). Será a primeira vez que as duas entidades vão formar uma agenda comum, diz Oliveira, que é membro da comissão organizadora do Congresso Internacional de Automação Bancária (Ciab) 2005.

Em uma primeira etapa, o programa terá um “road show” de apresentação do Ciab (marcado para junho) junto a grupos de representantes de bancos locais e fornecedores de Tecnologia da Informação e serviços financeiros. Uma equipe da Febraban fará uma série de palestras nas capitais de Costa Rica, Panamá, México, Venezuela, Colômbia, Argentina, Uruguai, Chile e em Miami (EUA), explicou Luiz Marques de Azevedo, consultor independente e sócio da Hint Consultoria, que está elaborando o programa do Ciab.

O foco em tecnologia se explica pelo tamanho do investimento dedicado pelos bancos a este segmento. Dados da Hint apontam que o sistema financeiro brasileiro (bancos comerciais, de investimentos, corretoras, seguradoras, bolsas) é responsável por 40% de tudo o que se gasta em tecnologia no país. Em 2003, só os bancos investiram US$ 4,2 bilhões em tecnologia, valor que deve ter aumentado para algo perto de US$ 5 bilhões em 2004 estima Azevedo.

O Ciab, grande fórum promovido pela Febraban para discussão e apresentação de novidades tecnológicas na área bancária, mostra, com seus números, a importância do tema para os bancos. Na versão 2004, foram 90 expositores, 12,5 mil visitantes e 1,2 mil congressistas em uma área de 14 mil metros quadrados. Para 2005 são esperados cerca de 15 mil visitantes e 1,5 mil congressistas.

Na turnê latino-americana, a equipe brasileira vai abordar desde temas técnicos como implementação de assinatura digital, compartilhamento de redes, caixas eletrônicos e “back office”, até assuntos estratégicos como a adaptação à Lei Sarbanes-Oxley americana (que regula as empresas com ações no mercado de capitais dos EUA) e a bancarização.

Um dos pontos altos da agenda internacional será o encontro de usuários latino-americanos da Swift – a rede internacional de comunicações entre bancos do mundo inteiro, por meio da qual se realizam as operações de câmbio, pagamentos e transações financeiras. Passam pela Swift cerca de 10 milhões de transações por dia e alguns trilhões de dólares, informa Gilberto Pacheco, diretor da área internacional do Banco do Brasil e representante do Swift na Febraban. Oliveira acredita que há grandes possibilidades de integração na área tecnológica. “Embora os fornecedores sejam globais, existem soluções comuns, de pequenos fornecedores locais que nem aparecem, com novidades nas áreas de biometria (leitura digital de características físicas dos usuários de bancos) e compartilhamento de redes.”

Valor Economico
Janes Rocha
11/3/2005