S&P: Política é principal incógnita em economias da America Latina

09/01/2009

Nova York, 24 out (EFE).- A situação política em muitos países da América Latina é a principal incógnita que a agência de classificação de risco americana Standard & Poor’s (S&P) considera quando avalia as perspectivas econômicas na região.

Em seminário realizado hoje em Nova York, o analista da agência Joydeep Mukherji disse que os indicadores econômicos são apenas uma parte dos critérios utilizados para definir a classificação do risco de um país. Sobre o Brasil e as próximas eleições presidenciais, a analista da agência Lisa Schineller disse que, independente do resultado, o novo Governo deverá criar consenso político e tentar estabelecer pontes com a oposição e outros partidos, para aprovar reformas que permitam garantir um rendimento sólido da economia a médio e longo prazos.

Para a especialista, qualquer mudança na classificação do Brasil será determinada pelo compromisso que o Governo e o Congresso demonstrarem na manutenção das políticas macroeconômicas.

Nesse sentido, disse que é possível, mas complicado, que durante a próxima Administração seja aprovada uma reforma da previdência que acabe com algumas das inflexibilidades do gasto fiscal brasileiro.

Sebastián Briozzo, outro analista da S&P, disse que, por exemplo, a classificação de risco do Peru não mudou desde meados de 2004, apesar de o país ter passado por três anos de rendimento econômico “espetacular”.

No entanto, Briozzo afirmou que os dados de pobreza e outros indicadores continuam muito ruins, apesar do bom andamento da macroeconomia.

O analista disse que isso, junto com o desprestígio da classe política peruana, são “ingredientes para uma crise social” e, por isso, a classificação de risco não melhorou nestes dois anos.

Segundo Briozzo, se os problemas sociais peruanos não forem resolvidos, poderia surgir um novo candidato “anti-sistema”, como foi o caso de Ollanta Humala nas últimas eleições, que reúna a insatisfação popular e inclusive seja “pior do ponto de vista da estabilidade das políticas macroeconômicas” que o citado líder nacionalista.

Apesar disso, para Jane Eddy, diretora da S&P, o Peru é o país com mais probabilidades de melhorar sua classificação de risco em curto prazo, mas com menos possibilidades de continuar crescendo como outros possíveis candidatos à melhora da classificação de risco, como Brasil e Colômbia.

Sobre o caso colombiano, o analista da S&P na zona, Richard Francis, disse que, apesar de a curto prazo poder existir divergências entre o Executivo e o Congresso, esta é uma situação comum no país, que não impediu a realização de reformas estruturais.

Nesse sentido, disse que existe a possibilidade de levar adiante mudanças no sistema tributário e de transferências, e que até o final do ano deveriam ter uma idéia clara do futuro das reformas.

Em relação ao México, Mukherji disse que a dúvida é saber qual será o rendimento econômico do país quando mudarem as favoráveis condições externas atuais, especialmente o preço do petróleo e a demanda desse produto pelos EUA.

Para o analista, a curto prazo, o risco é que as diferenças políticas evidenciadas nas disputadas eleições presidenciais de julho se traduzam em uma estagnação das iniciativas do Governo e uma imobilização política em médio prazo.

Mukherji disse que, em dois ou três anos, esta eventual imobilidade política poderia colocar em risco a qualidade do crédito do país.

Apesar de tudo, Mukherji destacou que o México vive hoje importantes mudanças políticas e que é “um país mais democrático que antes”, e que, portanto, é lógico que as decisões devam levar em consideração esta pluralidade política e não ser mais em resposta às decisões particulares de uma “elite política”.

Fonte:
Agencia Efe