Sociedade civil se mobiliza contra o aperto

09/01/2009

São Paulo, 2 de Fevereiro de 2005 – Alta do juro e da carga fiscal movimenta políticos. Ganham cada vez mais uma feição política as pressões contra os apertos monetário e fiscal, que resultam na elevação dos juros e da carga tributária, interferindo com o crescimento da economia. A insatisfação, que até o ano passado estava concentrada em alguns setores empresariais e políticos, amplia-se, incorporando partidos políticos, entidades empresariais e de trabalhadores.

“A intolerância ao aumento da carga tributária e ao desperdício do dinheiro público ficará cada vez mais acirrada”, afirma o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), um dos mais contundentes críticos da política econômica do governo Lula. Segundo ele, o País não agüenta mais uma carga tributária “superior a 36% do Produto Interno Bruto (PIB) conjugada com o aumento de gastos de custeio da máquina governamental”. O coro dos descontentes é engrossado por um dos mais fortes lobbies empresariais, o do setor exportador, que cobra do governo uma atitude afirmativa diante da constante valorização do real em relação ao dólar.

À defesa de uma política intervencionista do governo no mercado de câmbio se soma um aliado dentro do próprio governo: o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que tem defendido de público o pleito dos exportadores.

A onda de pressão organizada da sociedade civil contra a MP 232 – que resultou na formação de várias frentes envolvendo indústria, comércio, profissionais liberais diversos e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – é uma mostra de como a elevação da carga tributária e dos juros serão combatidos de agora em diante.

A oposição aproveita. De olho na sucessão presidencial e dos governos estaduais em 2006, o PFL, por exemplo, já assumiu como uma de suas principais bandeiras a mudança radical da política fiscal. As manifestações de protesto ganham força com as previsões de desaceleração da economia neste ano.

Uma contra-ofensiva, contudo, parece estar em preparo. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sairá vencedor de mais essa batalha, opina o consultor Raul Velloso. “A saída será uma operação discreta para mudar aos poucos a diretoria do Banco Central”, afirma.

(Gazeta Mercantil/1ª Página – Pág. 1)(Liliana Lavoratti)
2/2/2005