Sob efeito dos juros, comércio espera pior Natal da história
09/01/2009
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) prevê que o Natal de 2005 tenha queda de 12% nas vendas ante igual período do ano anterior.
Se a previsão for confirmada, o comércio de São Paulo terá o pior desempenho de Natal da série histórica calculada pela entidade, com início em 1994.
O presidente da Fecomercio, Abram Szajman, disse que o consumidor deve realizar uma compra média de cerca R$ 40 no Natal, valor 21,1% inferior à média das compras do Natal passado, que foi de R$ 50,70.
Tal resultado deve provocar desaceleração do setor varejista do Estado. A estimativa é que as vendas em geral no ano cresçam 3,5%, abaixo da expansão de 5,4% de 2004, devido aos juros altos e ao fraco avanço da renda dos consumidores.
Para a Fecomercio-SP, a situação deve esfriar as vendas no segundo semestre e, por conseqüência, reduzir os efeitos benéficos da expansão do crédito observada na primeira metade deste calendário.
A Fecomercio não mensurou o impacto econômico da crise política, mas disse haver um “alto” risco de contaminação.
No primeiro semestre, o faturamento expandiu-se 7,5% igual período do ano passado. A forte expansão deveu-se à alta de 21% do crédito à pessoa física no semestre e de 48% do crédito consignado em folha.
“Apesar das elevadas taxas de juros, a expansão do crédito, principalmente consignado, levou a um crescimento das vendas de bens de consumo duráveis, que comandaram a evolução do comércio no semestre”, disse Szajman.
Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Fecomercio, alertou, no entanto, que esse quadro de expansão baseado no crédito irá se enfraquecer no segundo semestre.
“Esse é um modelo que está chegando no limite”, disse ele, notando o endividamento dos consumidores.
Os destaques no primeiro semestre foram as vendas registradas por lojas de autopeças e acessórios (com aumento de 41,9%), concessionárias de veículos (36,4%), vestuário, tecidos e calçados (20,7%) e lojas de eletrodomésticos (14,1%).
Já os segmentos mais dependentes da renda do trabalhador tiveram desempenho ruim. Em supermercados, o faturamento declinou 7% no semestre.
O prognóstico da entidade para as vendas de autopeças e acessórios em 2005 é de alta de 24,4% e para as de supermercados, de queda de 4,6%.
Crise política
A Fecomercio se disse “preocupada” com a atual crise política, afirmando que o desfecho das investigações pode demorar, atrapalhando as decisões econômicas do país.
“A Fecomercio considera alto o risco de contaminação da economia por conta das incertezas geradas pela crise, que reduzem a captação de recursos”, afirmou Szajman.
“A economia no Brasil deverá andar de lado nos próximos meses por conta dessa crise. Pouco há de se esperar em relação aos avanços necessários no âmbito da política econômica e do crescimento do país.”
Fonte:
Uol Economia
01/8/2005