Skype estuda política de alianças na AL

09/01/2009

Fornecedora de software de telefonia pela web esquenta a briga com Google, Yahoo e MSN na região

Duas estrelas da nova geração de empreendimentos de internet, o Skype, com sede em Luxemburgo, e a americana Google acirram a cada dia a disputa entre si e com concorrentes que já se tornaram veteranos entre as empresas “pontocom”, como Yahoo, AOL e os serviços on-line da Microsoft. Agora, essas companhias declararam a América Latina o novo palco da disputa.

Em entrevista ao Valor, Janus Friis, co-fundador do Skype, afirmou que a empresa deve colocar em prática uma política de alianças na região. “É muito provável que em breve tenhamos parcerias estabelecidas na América Latina”, afirmou. “Adotamos essa estratégia na Ásia, sobretudo na China, no Japão e em Taiwan, onde atuamos por meio de portais de internet com grande público local. Também fizemos alianças similares na Polônia”, disse.

O Skype se vale de uma tecnologia conhecida como voz sobre IP (VoIP), que permite que a voz humana trafegue pela internet de forma similar ao que ocorre com dados. Isso torna possível realizar chamadas telefônicas para qualquer parte do mundo apenas ao custo de manter-se conectado. Em dois anos de existência, a empresa conquistou 51 milhões de usuários registrados de seus serviços gratuitos. Desse total, cerca de 3,7 milhões estão no Brasil, número que coloca o país como o terceiro mercado mundial para a companhia.

Friis disse que o Skype já possui uma pequena equipe atuando em território nacional, exatamente com o objetivo de fechar parcerias e outros acordos comerciais. “Não é um escritório ou uma subsidiária, mas temos representantes no Brasil”, disse. “O mercado brasileiro é importante para nós e cresce muito rápido.”

O Skype não é o único a ter essa percepção. Há uma semana, o MSN, portal da Microsoft, anunciou que seu serviço brasileiro passa a contar com uma nova tecnologia de busca na web.

Em julho, o Google comprou a Akwan Information Technologies, uma empresa de sistemas de busca na internet criada por professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com a aquisição, a companhia foi transformada no centro de pesquisa e desenvolvimento do Google na América Latina.

Além disso, em abril, a Overture, unidade de publicidade on-line do Yahoo, comprou o TeRespondo, um serviço brasileiro que vende propaganda em sites de busca.

Os últimos anúncios mundiais dessas empresas também mostram uma tendência de competição cada vez mais acirrada. Na semana passada, o Google lançou o Google Talk, um programa de comunicação instantânea que rivaliza com serviços similares oferecidos pela Microsoft, AOL e Yahoo – os atuais líderes nesse mercado. A exemplo dos demais, o sistema do Google também permite a comunicação por voz sobre o protocolo de internet.

Sentindo seu território ameaçado, o Skype anunciou a abertura de sua plataforma de mensagem instantânea – uma função que os clientes baixam junto com o software que permite comunicação por voz – para ser livremente integrada a web sites e serviços on-line de terceiros.

Friis, de apenas 29 anos, afirma que o Skype está se posicionando como uma empresa exclusivamente focada em comunicação via internet. “Começamos com voz sobre IP e fomos bem-sucedidos. Ainda este ano vamos lançar um serviço de vídeo para que as pessoas troquem imagens pela rede”, revela.

Embora os 51 milhões de clientes conquistados em dois anos sejam um marco impressionante, o Skype ainda enfrenta o desafio de transformar a base de usuários em receita – um problema que seus rivais já deixaram para trás. Apenas 2 milhões usam os serviços pagos do Skype, que também não obtém receitas significativas de publicidade.

O executivo, no entanto, afirma estar satisfeito com os resultados. “Um provedor de internet ou uma operadora de telecomunicações incorre em despesas pesadas de infra-estrutura, mas nós temos um custo baixíssimo”, diz. “Cerca de 4% da nossa base é paga – isso não é mau para o nosso modelo. A idéia, no entanto, é lançar um número crescente de serviços cobrados nos próximos meses.”

Friis concorda que a atenção que os novos empreendimentos de internet despertam faz lembrar os tempos da bolha especulativa, mas ressalva que a fase agora é de maior maturidade. “Houve um período de ceticismo, mas a web não parou. Agora as pessoas podem apreciar de novo o valor da internet – desta vez, de forma mais realista.”

Fonte:
Valor Economico
Ricardo Cesar
30/8/2005