Sinal amarelo para investidores estrangeiros

09/01/2009

O Brasil continua entre os maiores destinos de recursos estrangeiros, mas a falta de investimento pode afastar as empresas multinacionais e até provocar uma fuga de capital. O alerta é da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet)

As empresas multinacionais investiram no Brasil cerca de US$ 20 bilhões (o equivalente a R$ 42,8 bilhões) este ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). O saldo entre saída e entrada de recursos foi de US$ 15 bilhões em 2005 e deve fechar este ano em US$ 16 bilhões. Mas a falta de medidas governamentais para estimular o comércio internacional pode afastar os investidores em 2007. “O sinal está amarelo”, afirma o economista-chefe da Sobeet, Alexander Xavier.

De acordo com Xavier, o Brasil precisa investir em infra-estrutura, reformas tributária e fiscal e no Mercado Comum do Sul (Mercosul) para que o Brasil continue sendo um dos 15 maiores recebedores de capital estrangeiro. O medo é que, a longo prazo, a infra-estrutura de logística limitada prejudique a distribuição da produção.

Segundo o economista, para que as empresas mantenham a confiança de que o investimento no Brasil terá retorno em três ou quatro anos é preciso ampliar portos, estradas e hidrelétricas. “Hoje aproveitamos muito pouco o potencial brasileiro de outros modais para escoar a produção. As hidrovias são subutilizadas e a interligação entre os diferentes modais de transporte quase não existe”, afirma Xavier. Com isso, as empresas têm poucas opções de escoamento da produção.

Outra medida essencial, segundo Alexander Xavier, é implantar uma reforma fiscal para diminuir a carga tributária. “São muito elevados os gastos do Brasil, então a carga tributária precisa fazer frente para bancar toda a máquina administrativa. Assim como também é grande o serviço (juros) da dívida pública. A carga tributária só vai reduzir quando a pressão fiscal for menor”, diz.

Para o membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Marco Aurélio Loureiro, os investimentos do governo são importantes não só pela criação de infra-estrutura, mas também porque passam confiança e entusiasmo para os investidores privados. “A contribuição mais substancial é fazer os investimentos necessários para a ampliação e reforma de toda nossa infra-estrutura. O que é muito bom para o Governo porque o próprio investimento é um demandador de mão-de-obra, de matérias-primas, são medidas que têm reflexo de mão dupla. Além de gerar emprego, barateiam o custo para o setor produtivo”, afirma.

Junto com a melhoria física do País, o entusiasmo e a confiança de quem pretende investir no Brasil acompanham os investimentos do poder público. “Só vai haver crescimento se houver esse contágio. Sem esse estímulo o empresário não vai fazer o investimento exatamente por causa desses problemas que podem surgir, como esgotamento dos canais de distribuição, insegurança tributária, insegurança energética. Mesmo que não seja para agora. Os investimentos privados ainda levam tempo para amadurecer, mas o empresário só assina um cheque hoje se vir o Governo dando o primeiro passo para garantir segurança nos próximos anos”, afirma. (MT)

Fonte:
O Povo