Selic a 15,25% desanima produção

09/01/2009

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, em reunião realizada quarta-feira, reduzir em 0,50 ponto percentual a Selic (taxa básica de juros), que passa a 15,25% ao ano. Embora esperada, a decisão foi um banho de água fria nos ânimos do setor empresarial que, de modo geral, considerava que havia espaço para uma redução mais expressiva dos juros.

O comunicado divulgado logo após ao encontro do Comitê, tinha texto idêntico ao da última reunião, de 19 de abril. Dizia o seguinte: “Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 15,25% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então decidir os próximos passos em sua estratégia de política monetária.”

A queda de hoje é a oitava seguida desde setembro do ano passado, quando a taxa foi reduzida de 19,75% para 19,50%. Com o corte de 0,50 ponto para 15,25%, os juros voltam ao mesmo patamar de fevereiro de 2001. Este também é o menor nível de juros nominal já fixado pelo Copom desde 1999, quando passou a operar com a atual sistemática. Com a redução quarta-feira para 15,25% ao ano, a diminuição acumulada desde setembro de 2005 é de 4,5 pontos percentuais.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ironizou. Com a redução de 0,50 ponto percentual da taxa Selic, o Copom “reafirma sua disposição de evitar, a qualquer custo, o risco do crescimento”, avalia o presidente da entidade, Paulo Skaf. “As reduções homeopáticas dos juros, que continuam os mais altos do mundo, estão minando a saúde e a resistência da economia brasileira”, acrescentou, em nota, o dirigente.

Para o diretor da regional da Fiesp de São Bernardo e presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo e Região, Hermes Soncini, não dá para admitir o país continuar com juros de 10% acima da inflação. “O comércio de móveis está parado. O governo infelizmente mantém a política de favorecer os bancos”, afirmou.

O diretor do Decon (Departamento de Economia) do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Antônio Correa de Lacerda, também criticou o conservadorismo do BC. Para ele, havia espaço para a redução da Selic em, pelo menos, 0,75 ponto percentual. “O que vimos foi uma atitude de exagerada cautela por parte do Comitê”, disse.

Desânimo – “Dá desânimo no empresário que pretendia investir, aumentar sua produção e criar mais postos de trabalho”, afirmou o diretor da regional do Ciesp de São Caetano, Claudio Musumeci.

Ele se junta ao coro dos que acham que, com uma inflação baixa, não faz sentido o Banco Central desacelerar o ritmo de reduções da taxa básica da economia. “Com os juros altos, elevada carga tributária e dólar defasado, isso só estimula a economia informal”, acrescentou.

Fonte:
Diario do Grande ABC
(Com AE)