São Paulo aposta no reuso do entulho
09/01/2009
São Paulo, 16 de Julho de 2004 – A Prefeitura de São Paulo quer transformar o resíduo da construção civil em material de alto valor agregado e, para isso, está contando com a iniciativa privada. O primeiro passo nesse sentido foi a assinatura do Decreto 42.217/02, que regulamenta as áreas de transbordo, triagem, preparação e pré-beneficiamento dos materiais, que serão operadas por particulares. “A previsão é de que teremos de 12 a 20 áreas, dependendo do interesse do mercado”, explica Marco Antonio Fialho, chefe de gabinete da Secretaria de Serviços e Obras (SSO).
Outro avanço rumo à correta destinação dos resíduos foi a criação dos Ecopontos, postos de entrega voluntária (PEVs) onde cada pessoa pode deixar até um m³ de material proveniente de reformas e pequenas construções. O primeiro ecoponto foi inaugurado no bairro da Móoca em outubro do ano passado e recebe uma média mensal de 100 m³ de material. Há um mês, foi inaugurado outro ecoponto em Pinheiros, e a meta da SSO é implantar um ecoponto por distrito, 96 em toda a cidade.
No ano passado, foi criada norma técnica da Secretaria de Infra-Estrutura Urbana (Siurb) para regulamentar o uso do agregado reciclado dos resíduos da construção civil como insumo na pavimentação de ruas. “A norma cria mais uma possibilidade de uso do material, que pode substituir a brita ou o cascalho”, diz Fialho. O agregado foi incluído na tabela de infra-estrutura urbana, que estipula os preços dos materiais para o mercado e serve como base para editais. A prefeitura estima que o uso do agregado permite uma economia de 30% nas obras, em relação à matéria-prima virgem.
Aterro saturado
Estima-se que a cidade de São Paulo movimente 17 mil toneladas diárias de entulho da construção civil. Destas, apenas 4 mil toneladas chegam ao aterro de Itaquera, localizado na região leste da cidade e que já está próximo da saturação. Nos últimos quatro anos, o gasto anual médio com o manejo do entulho tem sido da ordem de R$ 30 milhões.
“Estamos saindo de um plano de gestão corretiva para o caminho de considerar o resíduo como material reciclável, que possui valor de mercado. É uma mudança de percepção”, diz Fialho. Além da chamada fração mineral dos resíduos – que inclui tijolos, pedras, concreto, argamassa, areia – e que pode ser usada na pavimentação de ruas, os outros materiais também têm destino certo, na avaliação de Fialho. “O ferro pode ser vendido a sucateiros e a madeira pode virar combustível de olarias”, exemplifica.
A separação e venda dos resíduos no próprio canteiro de obras começa a ganhar força na cidade e gerar receita extra para as construtoras. Em São Paulo, Gafisa, Humaitá já aderiram à iniciativa, que contribui ainda para combater o desperdício de materiais e diminuir o custo total da obra.
Gazeta Mercantil
(Andrea Vialli)