Saldo da balança comercial registra maior déficit histórico

02/02/2012

 
São Paulo – O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic) divulgou ontem que a balança comercial de janeiro registrou déficit de US$ 1,291 bilhão, este foi o maior valor do mês de janeiro desde 1973, início da série histórica. Apesar dos dados, especialistas ouvidos pelo DCI acreditam que este ano o saldo da balança comercial feche superavitária, mas com um montante menor do que os US$ 29,7 bilhões registrados em 2011.

Segundo os dados divulgados pelo Mdic, as importações registraram um montante de US$ 17,433 bilhões e média diária de US$ 792,4 milhões. O que significou um aumento de 12,3% ante o mesmo período de 2012. Os produtos mais importados foram combustíveis e lubrificantes com alta de 54,7%, bens de consumo com expansão de 15,7%, matérias-primas e intermediários com aumento de 5% e bens de capital com alta de 4,8%.

Os principais fornecedores foram: China com um montante de US$ 2,936 bilhões, Estados Unidos com US$ 2,534 bilhões, Argentina com US$ 1,287 bilhão, Alemanha com US$ 1,087 bilhão e Japão com US$ 610 milhões. As exportações do primeiro mês do ano movimentaram um total de US$ 16,142 bilhões, com média diária de US$ 733,7 milhões. Sobre janeiro de 2011, as exportações registraram aumento de 1,3%. Os produtos mais exportados foram do tipo básico e semimanufaturados que registraram valor recorde para o mês US$ 6,954 bilhões e US$ 2,503 bilhões, respectivamente, já os manufaturados somaram US$ 6,214 bilhões. Sobre o ano anterior, cresceram as exportações de manufaturados (+0,1%), e semimanufaturados (+2,5%); já os básicos retrocederam 0,7%.

Os países em que os produtos brasileiros mais entraram foram Estados Unidos e América Latina (exceto Mercosul) que tiveram altas de 37% e 17,9% respectivamente. A baixa mais significativa se concentrou na Europa Oriental com retrocesso de 36,4% na mesma base comparativa.

Tanto os dados das importações quanto das exportações representaram números recordes desde o ano de 2003. A corrente de comércio também registrou recorde de 33,575 bilhões. Sobre igual período do ano passado houve expansão de 6,7%.

A secretaria de Comércio exterior do Mdic, Tatiana Prazeres , acredita que "o déficit registrado neste mês não compromete a expectativa positiva de fechar o ano com superávit comercial. Em 2009 e 2010, também houve déficit nos meses de janeiro e revertemos esse saldo negativo".

O professor de Economia da Escola de Negócios Trevisan, Alcides Leite, acredita que em março o saldo da balança comercial já deve ser positivo.

Previsões

O Mdic ainda não divulgou as previsões para o fechamento da balança comercial deste ano, mas, segundo a secretária do ministério, o momento de instabilidade financeira do cenário mundial faz com que uma manutenção dos números de 2011 das exportações seja considerada um saldo positivo. "Num cenário de crise, manter o patamar elevado do ano passado é otimismo."

Para o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro (ESPM- RJ), Roberto Simonard, o superávit deve ficar na faixa de US$ 20 bilhões, aproximadamente.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em pesquisa divulgada ontem, afirma que o mercado financeiro espera um superávit de US$ 20,4 bilhões na balança comercial.

A federação acredita que as exportações terão impacto negativo com a variação dos preços das commodities.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro também prevê que os preços das commodities devam cair mais em 2012 e acredita que as novas regras da Argentina, que obrigam os importadores do país a apresentarem declaração formal antecipada com a programação de compras no exterior, deva prejudicar as exportações brasileiras para a Argentina.

Tatiana Prazeres disse que as questões cambiais para incentivar as exportações são da alçada do Ministério da Fazenda e que o resultado deficitário da balança pode incentivar adoção de medidas. "Precisamos de medidas que levem em conta o novo cenário internacional, e o desaquecimento de economias maduras".

O Mdic enfatiza ainda que a adoção de medidas de estímulo às exportações começaram a ser estudadas no dia 2 de janeiro, por ocasião do anúncio do superávit comercial de US$ 29,7 bilhões registrado em 2011.