Ritmo de crescimento da importação começa a cair

09/01/2009

O ritmo de crescimento das importações dá sinais de desaceleração, apesar do dólar desvalorizado. A média diária das compras externas do país, livre dos efeitos sazonais, ficou em US$ 275 milhões, no primeiro trimestre do ano, mesmo nível do registrado entre outubro e dezembro de 2004. Mas nas três primeiras semanas de abril, o valor caiu para US$ 267 milhões. As importações vinham subindo desde o quarto trimestre de 2003, quando a média diária era de US$ 199 milhões.

Para especialistas, esse é mais um indício da acomodação da atividade econômica neste início do ano e também um reflexo das perdas da agricultura. “É possível que a atividade esteja mais fraca do que se imaginava e o comportamento da importação mostra isso”, diz Júlio Callegari, economista do J.P. Morgan. “Estamos colecionando indicadores que sugerem que a economia está se recuperando de forma mais lenta”, afirma Celso Toledo, economista-chefe da MCM Consultores.

Para Toledo, três fatores estão prejudicando o desempenho das importações: o desaquecimento da economia, a maior tributação sobre as compras externas, com o início da incidência de PIS e Cofins, e o nível do câmbio. Callegari acredita que a crise no campo também está afetando o desempenho das compras externas: com a queda dos preços internacionais de commodities, como a soja, e a quebra da safra devido à seca que castigou o Rio Grande do Sul, a renda agrícola caiu e o produtor está investindo menos. Adalgiso Telles, diretor de comunicação da Bunge Fertilizantes, diz que as importações de fertilizantes devem cair este ano cerca de 10%. Para ele, o dólar barato, em vez de ajudar, atrapalha o desempenho das empresas do setor, pois apesar de reduzir o custo das importações, comprime a renda do produtor.

Valor Economico
25/4/2005
Raquel Landim