Risco-país retorna ao menor patamar desde 1997

09/01/2009

Percepção de que os fundamentos da economia são consistentes e expectativa de recompra de títulos brasileiros pelo governo reduzem o risco Brasil para 375 pontos.

EXAME O risco Brasil fechou o dia em 375 pontos – o menor patamar desde 23 de outubro de 1997, quando havia marcado 374 pontos. O movimento reflete o bom humor do mercado com os rumos da economia brasileira, que apresentou no ano passado a maior expansão desde 1994, e com recentes medidas anunciadas pelo governo, como o corte de 15,9 bilhões de reais do orçamento de 2005 e as alterações nas regras cambiais.

“A queda do risco-país tem alguma consistência, porque mostra que os fundamentos macroeconômicos e políticos são positivos”, diz Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco Espírito Santo Investimento. De acordo com Sandra, o mercado também está otimista com possíveis decisões que o governo pode tomar nos próximos meses, como a de enviar o projeto de lei que assegura a autonomia do Banco Central ao Congresso e o resgate antecipado dos C-Bonds (títulos da dívida pública), em abril. “Os investidores ainda testarão outros pontos de mínimo para o risco”, afirma.

Mudança qualitativa

Mas uma queda acentuada (abaixo dos 300 pontos, por exemplo) ainda é vista como improvável no curto prazo pelos economistas. Embora a economia caminhe bem, ainda restam algumas dúvidas, como o impacto do novo salário mínimo, de 300 reais, sobre as contas da Previdência, a partir de maio, e a ameaça de reajuste dos vencimentos dos parlamentares, proposta pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti.

Além disso, qualquer deterioração no cenário internacional pode esfriar o interesse dos investidores pelos mercados emergentes, forçando um aumento do risco. A principal dúvida é sobre o ritmo de aumento da taxa de juros americana, a maior referência para a remuneração de títulos públicos de todos os países. “Ainda não há condições de uma queda mais sustentável do risco-país. Ao longo do ano, ele pode inclusive voltar para o patamar acima dos 400 pontos”, afirma Rachel Fleury, analista de mercado da consultoria Tendências.

Portal Exame
7/3/2005