Recentes chuvas são incapazes de recuperar safra de café, diz CNC

09/06/2014

As recentes chuvas nas áreas produtoras de café do Brasil são incapazes para propiciar a recuperação da produção deste ano. A avaliação é do Conselho Nacional do Café (CNC), em comunicado divulgado nesta sexta-feira (6/6). Além de terem ocorrido em baixo volume, as chuvas não têm potencial para melhorar a produção, considerando os aspectos agronômicos e fisiológicos, "já que os grãos já passaram por sua fase de granação, ou seja, já desenvolveram o que tinham que desenvolver", informa CNC.

A Fundação Procafé apurou que a safra deste ano deve alcançar de 40,1 milhões a 43,3 milhões de sacas de 60 kg. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a safra em 44,57 milhões de sacas, menos 4,58 milhões de sacas, ou 9,33% em comparação com a safra 2013 (49,15 milhões de sacas). A redução da produção, principalmente de arábica, é atribuída à estiagem atípica no verão, com elevada temperaturas, principalmente entre janeiro e fevereiro.

O ministro da Agricultura, Neri Geller, em recentes declarações à imprensa, informou que previsões de safra divulgadas pela Conab deverão ser revisadas, já que o impacto da seca teria sido "amenizado" por chuvas ocorridas nos últimos dias.

Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, o posicionamento do ministro, sem o devido embasamento, é incabível especialmente com os mercados abertos. "Isso pode levar a tomada de decisões equivocadas por parte de muitos players que não estão no campo acompanhando o que está acontecendo".

O CNC reforça que "o máximo que essas precipitações poderiam ocasionar seria uma recuperação das plantas para a safra 2015, no entanto, o volume de água foi muito baixo e, portanto, insatisfatório para suprir o solo e os pés de café para passarem pelo período seco". "Nem sequer o crescimento dos ramos seria possível com a retomada das chuvas, pois essa fase fisiológica também já passou em janeiro e fevereiro", informa a entidade que reúne as principais cooperativas de café do País.

Conforme o CNC, os primeiros grãos colhidos têm apresentado rendimento menor, aspectos mal granados, miúdos e peneira baixa. "É válido frisar, ainda, que a retomada das chuvas, no presente momento, pode trazer novo problema relacionado à qualidade, pois derrubaria os grãos dos pés e interferiria na secagem da produção", conclui a entidade.

 

Fonte:
Globo Rural