Real valorizado estimula importações de eletroeletrônicos

09/01/2009

Os fabricantes de aparelhos eletroeletrônicos pretendem aumentar as importações de componentes e produtos acabados, aproveitando a valorização do real.

Levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) indica que 79% das empresas do setor instaladas no País planejam incrementar as importações de produtos acabados até o fim do ano. Destas, 42% querem complementar linhas produzidas aqui e 21% já estão em processo de substituição de equipamentos fabricados no Brasil.

“A valorização excessiva do real e o elevado custo Brasil estão estimulando o aumento das importações no setor, em detrimento da produção nacional”, aponta Paulo Saab, presidente da Eletros.

Segundo ele, o impacto é diferenciado de acordo com a linha de produto. A elevada carga tributária, que já está próxima de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), a falta de investimentos em infra-estrutura e o ambiente regulatório contribuem para acelerar esse movimento.

No primeiro trimestre, as importações de eletroeletrônicos em geral cresceram 36% em relação a igual período de 2005, quando somaram US$ 475,9 milhões. Na linha branca, esse número atingiu US$ 20,38 milhões , incremento de 173% na comparação com os três primeiros meses do ano passado.

A BSH Continental, fabricante de fogões, geladeiras e lavadoras, por exemplo, passou a trazer para o País produtos mais sofisticados e de alto valor agregado, como fornos embutidos, coifas e lavadoras, de outras fábricas do grupo instaladas nos Estados Unidos e Europa. Além disso, aumentou em 30% a importação de aço, vidros e outras matérias-primas e componentes de países como a China, como forma de compensar em parte a perda de competitividade provocada pela valorização do real. Nos primeiros quatro meses do ano, as exportações recuaram 25% quando comparadas com igual período de 2005.

“Começamos a exportar empregos em vez de produtos”, diz Peter Händel, vice-presidente administrativo-financeiro da BSH Continental. A empresa emprega hoje cerca de 2 mil pessoas em duas fábricas no País, e não planeja ainda demitir funcionários. Em parte, porque o mercado interno está aquecido. As vendas domésticas da BHS aumentaram 9% no primeiro trimestre, quase o dobro da média do setor (5%).

Na linha de imagem e som, as importações cresceram 16,7% no trimestre, e nos eletroportáteis, 130,83%. A Samsung, que produz aparelhos celulares, áudio e vídeo, dobrou o volume das importação de insumos este ano. “As vendas cresceram na mesma proporção”, diz José Roberto Campos, vice-presidente executivo da empresa coreana.

Fonte:
A tarde