Real forte já causa déficit recorde

09/01/2009

Populismo cambial causa rombo de US$ 6,3 bi nas contas externas do 1º bimestre

O déficit em conta corrente em fevereiro (US$ 2,09 bilhões) foi o maior registrado em meses de fevereiro da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1947. Da mesma forma, o rombo acumulado no primeiro bimestre (US$ 6,322 bilhões) foi o mais elevado para o período da série do BC.

Segundo o chefe do Departamento Econômico, Altamir Lopes, o resultado do mês passado (-US$ 1,7 bilhão) foi influenciado negativamente pelo resultado da balança comercial, que, segundo ele, “veio um pouco pior”.

O economista Maurício Dias David, do BNDES, considera o modelo econômico o verdadeiro culpado pela fragilidade das contas externas: “Está ficando patente que o modelo que adotamos se aproveitava de uma situação externa extremamente favorável: fluxo positivo de capitais, valorização das commodities, liquidez internacional. Esse quadro agora está se deteriorando”, salientou, criticando a valorização do real.

“Aparentemente, voltaremos à situação histórica de déficit em transações correntes. Ela estava positiva ultimamente devido ao fluxo de capitais procurando juros altos. Vejo o Brasil encurralado internacionalmente, com menos folga na balança comercial, déficit em transações correntes, fatos que trouxeram conseqüências dramáticas no passado”, advertiu, numa referência à crise de 1998.

Para ele, “os gatos escaldados deveriam ter medo de água fria, mas o BC mantém firme sua posição de manter juros altos”: “E já é tarde demais para adotar medidas como o controle de capitais, pois isso agora só aumentaria o pânico”, disse, lembrando que muitos especuladores estão tomando empréstimos a juro negativo no Japão para aplicar no Brasil.

Fonte:
Monitor Mercantil