Questão do aborto domina visita de Bento XVI

09/01/2009

A protecção do direito à vida vai estar no centro da viagem de Bento XVI ao Brasil, a partir de quarta-feira, anunciou hoje o Vaticano, mas o Presidente Lula mantém um discurso contido em relação à questão.

Entrevistado por uma rádio católica, o chefe de Estado brasileiro afirmou-se contra a interrupção voluntária da gravidez mas adiantou que entende “as jovens desesperadas por causa de uma gravidez indesejada”.

Lula acrescentou que “o Estado não pode abdicar de cuidar deste assunto como uma questão de saúde pública”.

O Presidente não fez, no entanto, qualquer referência a um possível diálogo com Bento XVI sobre a questão.

A principal preocupação do pontífice será a consciencialização social e dos governos para a importância da vida, o que faz do aborto o principal ponto a ser discutido entre Bento XVI e o presidente brasileiro Lula da Silva, durante o encontro agendado para quinta-feira.

Durante esta visita o papa vai inaugurar a Quinta Conferência do Episcopado Latino-americano e do Caribe, num momento em que o Brasil debate a questão do aborto e o México viu recentemente aprovada a liberalização desta prática.

O anúncio da discussão da questão do aborto foi interpretado dentro do próprio Vaticano como uma mensagem de que a Igreja se mobiliza contra o aborto na América Latina.

A discussão em torno da questão do aborto tem ganho espaço no Brasil, onde a sua prática é proibida neste momento, sendo considerado crime, excepto quando a gravidez ocorre por violação ou põe em risco a vida da mãe.

A questão do alargamento da excepção aos casos de má formação do feto está a ser discutida no Congresso, o que trouxe de novo o tema para a ordem do dia.

Segundo a imprensa brasileira, o Vaticano propôs ao governo brasileiro a assinatura de um acordo antiaborto, que está neste momento a ser discutida.

A preocupação do papa com esta questão prende-se também com o facto de a legalização do aborto ter sido aprovada no México no passado dia 24 de Abril.

A nova legislação permite a interrupção da gravidez neste país, até à décima segunda semana de gestação e foi aprovada pela Assembleia Legislativa com 46 votos favoráveis e 19 contrários.

A aprovação da lei provocou de imediato um grande debate e muita pressão por parte da Igreja Católica e do Vaticano.

O México é o segundo maior país católico do mundo, com cerca de 90% de população católica, atrás apenas do Brasil.

Bento XVI inicia na quarta-feira a sua primeira viagem como papa ao Brasil.

Fonte:
Diário de Notícias