Produtos chineses podem desbancar brasileiros no Mercosul

09/01/2009

As vendas chinesas para os sócios fundadores do bloco – Paraguai, Uruguai e Argentina – vêm crescendo em um ritmo muito superior às do Brasil.

O Brasil está perdendo espaço para produtos da China dentro do Mercosul, apesar de suas exportações continuarem em alta no bloco, segundo um levantamento da consultoria argentina Abeceb.com, citado pela BBC Online.

“O Brasil está consolidado como exportador dentro do Mercosul, mas é preciso ficar alerta às importações chinesas, que já tiraram seu lugar em alguns setores que antes eram dominados por produtos brasileiros”, disse o analista econômico Maurício Claveri, da Abeceb.com.

Os dados reunidos pela consultoria mostram que as vendas chinesas para os sócios fundadores do bloco – Paraguai, Uruguai e Argentina – vêm crescendo em um ritmo muito superior às do Brasil.

É o caso da exportação de bicicletas para a Argentina, um setor em que as posições se inverteram em apenas quatro anos.

Em 2002, o Brasil exportou US$ 797,6 milhões em bicicletas e velocípedes para a Argentina, abastecendo 76% do mercado vizinho. No ano passado, as vendas brasileiras caíram para US$ 69 milhões, com o Brasil respondendo por apenas 4,4% desse mercado.

Já a China, que, em 2002, vendia US$ 49,5 milhões em bicicletas e velocípedes para a Argentina, vendeu quase US$ 826 milhões em 2006. Nos quatro anos, as vendas brasileiras caíram 91%, enquanto as chinesas saltaram mais de 1.550%.

O exemplo das bicicletas reflete um fenômeno mais amplo. Em 2006, a Argentina importou o equivalente a US$ 11,7 bilhões do Brasil, e US$ 3,1 bilhões da China.

“O Brasil ainda vende mais para a Argentina, mas essa distância está se reduzindo rapidamente”, disse Claveri.

Os números confirmam a avaliação de Claveri. Nos últimos cinco anos, de acordo com dados oficiais argentinos, as exportações chinesas para o país cresceram 822%, enquanto as brasileiras aumentaram 365%.

“A China hoje ainda representa cerca de 30% das exportações brasileiras na Argentina. Mas, sem dúvida, surgiu um competidor de peso para diferentes áreas do Brasil.”

Em setores de produtos industrializados, como o de louças, televisores, guarda-chuvas, calçados e têxtil, produtos brasileiros foram substituídos por made in China.

“Isso está acontecendo porque a produção chinesa parece mais barata e em maior escala. Além disso, apesar da recuperação, a indústria argentina ainda não é suficiente para atender à demanda que cresceu com a expansão da economia”, afirmou o analista econômico.

Há mais de três anos, a economia argentina registra cerca de 9% de expansão.

Nos outros parceiros do Mercosul, a situação é semelhante. Em 2005, o Paraguai importou US$ 872 milhões em produtos brasileiros e US$ 441 milhões em mercadorias chinesas – ou seja, o Brasil exportava para o parceiro mais do que o dobro exportado pela China.

Em 2006, o comércio chinês com o Paraguai quase encostou na cifra brasileira. O Paraguai importou US$ 1,2 bilhão do Brasil e US$ 1,097 bilhão da China.

Com o Uruguai não foi diferente. Em 2004, o Uruguai importou US$ 667 milhões do Brasil e US$ 154 milhões da China – ou seja, o Brasil exportou ao mercado uruguaio quatro vezes mais do que a China.

Dois anos depois, em 2006, essa diferença caiu para 2,85 vezes. Enquanto as exportações brasileiras para o mercado uruguaio foram de cerca de US$ 1 bilhão, as chinesas foram de US$ 352 milhões. As informações são da BBC Online.

Fonte:
Portugal Digital