Produtor de algodão deve retomar expansão em 2007

09/01/2009

A dois meses do início da colheita da safra 2005/06 de algodão no Centro-Oeste, principal pólo produtor do Brasil, os cotonicultores já começam a fazer planos para o plantio do ciclo 2006/07. A expectativa é de aumentar a área plantada em 40% no país, para algo em torno de 1,180 milhão de hectares, retomando os mesmos patamares alcançados há dois anos.

O otimismo, um ano depois da forte crise que se abateu sobre o setor por conta da superoferta e baixos preços internacionais, reflete a sinalização de preços futuros mais firmes para 2007, em torno de 60 centavos de dólar por libra-peso, ante a média de 52 centavos de dólar projetados para esta atual safra. “As perspectivas são de preços melhores para 2007, mas ainda temos que analisar o comportamento do câmbio antes de tomarmos uma decisão”, afirma Hélio Tollini, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Tollini observa que a decisão do Congresso americano em pôr fim ao programa de subsídios à exportação, o Step 2, por conta da decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC), em processo movido pelo Brasil, também dá ânimo aos produtores, uma vez que a produção americana deverá ter um crescimento menor ou até um recuo nos próximos anos.

Nesta safra, a 2005/06, o plantio de algodão no país registrou forte queda por conta dos baixos preços internacionais, pressionados pela boa colheita americana. A produção está estimada em 1 milhão de toneladas, quase 30% menos que o ciclo passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Por conta da menor produção e comprometimento dos produtores com exportação, em torno de 350 mil toneladas, as indústrias têxteis do país vão triplicar as importações de pluma neste ano, em torno de 130 mil toneladas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).

A retomada da produção é mais significativa em Mato Grosso, maior Estado produtor, que em dois anos reduziu a área em quase 30%, de 450 mil para 320 mil hectares. Com o comportamento baixista dos preços dos grãos – soja e milho -, os produtores mato-grossenses deverão expandir a área para a pluma, recuperando a posição de 2004/05, acredita João Luiz Pessa, presidente da Ampa (Associação dos Produtores de Algodão do Mato Grosso).

Neste ano, a colheita do Estado está estimada 456,9 mil toneladas de algodão em pluma, 21,5% menor que em 2004/05. O presidente da Ampa prevê que o plantio voltará a 450 mil hectares no MT.

Mas Christopher Barry Ward, tradicional cotonicultor de Alto Garças (MT), ainda está cauteloso. O produtor aguarda a sinalização de recuperação do câmbio antes de decidir se mantém sua área nos atuais 2,3 mil hectares ou se avança sobre os 500 hectares plantados com soja. Barry Ward faz parte de um grupo de produtores que apostaram na pluma no fim da década de 90 e investiram na expansão da cultura no Estado.

A região do Oeste da Bahia foi um dos poucos pólos produtores do país que não cedeu área por conta dos baixos preços da commodity. Enquanto o Estado registrou queda de área de 8%, para 227,2 mil hectares, a área no Oeste baiano cresceu 3%, de 196 mil para 202 mil hectares nesta safra, segundo João Carlos Jacobsen Rodrigues, vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba). A colheita na região deverá crescer 7%, para 305 mil toneladas. Jacobsen acredita que o ritmo de crescimento para 2007 deverá ser mantido.

Em São Paulo, ainda há incertezas em relação a 2007. O plantio no Estado ficou em 35 mil hectares em 2005/06, queda de 52,7% sobre 2004/05, diz Ronaldo Spirlandelli, presidente da Associação Paulista dos Produtores de Algodão (APPA). “A cana tem engolido o algodão.”

fonte:
Valor Economico
Mônica Scaramuzzo