Produção industrial:+1,3% e aponta recuperação no 2º tri
09/01/2009
A produção industrial de maio, divulgada ontem pelo IBGE, apresentou sinais de recuperação no segundo trimestre do ano.
Em relação a abril, já descontados os efeitos sazonais , houve crescimento de 1,3%, o terceiro resultado positivo seguido nessa forma de comparação. Sobre o mesmo mês do ano anterior, houve crescimento de 5,5%, ampliando a série de resultados positivos para 21 meses consecutivos.
O crescimento acumulado no ano passou de 4,5%, em abril, para 4,7%, em maio, e o acumulado em 12 meses recuou de 7,5% para 7,2%. A indústria extrativa mineral cresceu 2% sobre abril, tendo impacto importante no desempenho geral, mas a indústria de transformação também cresceu 1,1%.
“Os resultados de maio reforçam sinais de recuperação da atividade industrial. Até abril, a média móvel trimestral, tomada como indicador de tendência, mostrava indicador positivo apenas para o setor de bens de consumo duráveis. Em maio, essa evolução positiva se observa também nos outros setores da indústria. Esse crescimento generalizado sugere, para além das vendas externas e do crédito favorável, sinais positivos para setores mais dependentes da demanda interna”, diz Isabella Nunes Pereira, gerente do departamento de indústria do IBGE.
Ela relacionou o desempenho positivo com o crescimento da oferta de insumos energéticos (álcool carburante, petróleo e derivados), ao aumento da ocupação (houve queda do desemprego em maio, de 10,8% para 10,2%) e à queda da inflação. Mas ressalvou que é necessário esperar os números de junho para saber se está configurada uma tendência e se a produção industrial do segundo trimestre será realmente maior que a do primeiro. Por enquanto, está sendo. O acumulado de abril e maio sobre o mesmo período do ano passado mostra crescimento de 5,9%, enquanto no primeiro semestre o número acumulado foi 3,1%.
A média móvel trimestral mostrou que os três meses encerrados em maio tiveram um desempenho 0,9% superior ao de maio, fazendo com que a curva de tendência apresentasse sinal de subida. Por categorias, a produção de bens de capital cresceu 1,4% sobre o trimestre encerrado em maio, a de bens de consumo duráveis cresceu 1,1%, a de bens intermediários, 0,9% e a de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, 0,1%.
A produção acumulada em abril e maio sobre igual período do ano passado mostra que, entre os bens de capital, o crescimento de 3,1% está sendo sustentado, principalmente, pelos bens de capital para construção (24%) e para energia (14,4%). Na ponta negativa, os bens para agricultura (-42,3%).
Petróleo e gás (18,3%) e extração de minério de ferro (14,9%) comandam os 3,2% dos intermediários. Celulares (68,1%), eletrodomésticos (20,4% ) e automóveis (19,6%) explicam a maior parte do crescimento de 19,6% dos bens duráveis. Álcool (70,1%) e álcool e gasolina carburantes (25%) foram os que mais puxaram o crescimento dos semi e não-duráveis (8,1%).
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos números dos veículos, papelão e aço, projetava crescimento de 1,8% da indústria em maio sobre abril. O economista Estêvão Kopschitz, do Grupo de Análise Conjuntural (GAC) do instituto, avalia que o resultado, mesmo um pouco menor que o esperado, foi bom. “De modo geral, foi uma boa notícia”, avalia Kopschitz. Ele ressalvou que o crescimento, na série com ajuste sazonal, de 15 das 23 atividades pesquisadas (65% do total) não é tão generalizado assim. Ainda mais porque, segundo ele, só 17 dos 66 subsetores cresceram. “Parece haver certa concentração, mas não invalida o bom resultado”, afirmou.
Valor Economico
8/7/2005
Chico Santos