Produção de veículos despenca 47,1% em dezembro
08/01/2009
Indústria não fecha com chave de ouro, mas tem melhor ano da história. Produção no mês foi de 102.053 unidades e, no ano, de 3,2 milhões.
Atentas aos níveis dos estoques – quanto maior, mais prejuízos acumulados -, as montadoras fecharam dezembro de 2008 com produção abaixo do registrado em novembro. No último mês do ano saíram das linhas de montagem 102.053 veículos, volume 47,1% menor em relação às 193.062 unidades fabricadas no fraco mês de novembro, quando o país registrou forte queda nas vendas.
O balanço foi divulgado, nesta quinta-feira (8), pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e envolve carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
O rígido controle das montadoras sobre a produção continuou mesmo com a recuperação da demanda no período, quando as vendas subiram 9,4%, com 177.823 unidades em novembro para 194.486. Embora o resultado tenha surpreendido o setor, a cautela das fabricantes de veículos nacionais é justificada pelas incertezas em relação ao desempenho do mercado no primeiro trimestre deste ano.
Além disso, em dezembro, a maioria das montadoras deu férias coletivas por períodos mais longos do que nos outros anos anteriores. O reflexo disso é destacado no segmento de automóveis e comerciais leves: a produção caiu 45,8%, de 174.945 unidades em novembro para 94.795 em dezembro.
Se na comparação com novembro a redução foi significativa, na comparação com dezembro de 2007 o “tombo” foi ainda maior. A queda chega a 54,1%, de 222.132 veículos para 102.053. Isso porque o famoso “boom” de vendas do setor entrou em forte aceleração no segundo semestre de 2007 e se sustentou até setembro de 2008, tendo julho como o pico de crescimento, com 288,1 mil unidades vendidas.
2008: o melhor ano da indústria automobilística nacional
O ano não fechou com chave de ouro, como as montadoras queriam. Mas, apesar da crise de crédito no Brasil e das turbulências internacionais, 2008 pode ser considerado o melhor ano da indústria automobilística nacional, ao superar a produção de 2007 (de 2.977.150 unidades). Ao todo, saíram das linhas de montagem no intervalo de janeiro a dezembro de 2008, 3.214.018 veículos.
Na comparação com o ano anterior, a expansão foi de 8%, o que explica a corrida do setor para se adaptar a um novo patamar produtivo. Durante todo o ano de 2008 foi preciso otimizar as linhas e contratar mais funcionários, inclusive, para a formação do terceiro turno em muitas fábricas.
Empregos
Agora, a dúvida que fica é em relação à manutenção do nível de emprego, já que os funcionários temporários correm o risco de ficar sem a renovação do contrato. No entanto, antes de demitir, as montadoras já planejam estender as férias coletivas ou diminuir os dias trabalhados. A Volkswagen, por exemplo, avalia reduzir a semana de trabalho na fábrica do Paraná.
No caso da Renault, 1 mil contratos de trabalho foram suspensos – os trabalhadores ficarão em casa por cinco meses e receberão parte dos salários da empresa e outros benefícios. A PSA Peugeot Citroën deu licença remunerada a 700 trabalhadores até março e a General Motors dará novas férias coletivas a 5,5 mil funcionários.
De acordo com a Anfavea, o nível de emprego caiu 2,4% em dezembro em relação a novembro. Atualmente, estão empregadas, somente nas montadoras, 127.993 pessoas. Ainda assim, apesar da redução, na comparação com dezembro de 2007, o número de funcionários aumentou 6,4%.
Exportações
A grande variação do dólar, que chegou a patamares bem desvantajosos para as exportações em 2008, forçou a queda das vendas no exterior. De janeiro a dezembro de 2008, foram exportadas 727.283 unidades de veículos, uma queda de 7,9% sobre o mesmo período de 2007.
Somente em dezembro, foram vendidas em outros países 41.347 unidades – o pior resultado em exportação desde 2006. O resultado reflete a crise financeira global que inibe, principalmente, os investimentos em produtos com maior valor agregado; especialmente, caminhões, cujas vendas em dezembro caíram 56,5%. Na comparação com dezembro de 2007, a queda chega a 26,1%.
Fonte:
G1 Carros