Porto de Santos é o que mais cresce nas Américas
09/01/2009
São Paulo, 28 – O crescimento das exportações brasileiras levou o Porto de Santos a ter papel de destaque no ranking dos principais portos do mundo. O complexo paulista, que movimenta 27% do comércio exterior do País, é o atual líder sul-americano no movimento de contêineres, ou seja, de carga industrializada de alto valor agregado.
Na classificação divulgada em agosto pela revista britânica Cargo Systems, o porto santista registrou no ano passado 1,560 milhão de TEUs (unidades de contêiner de 20 pés), 27% acima do volume de 2002 (1,224 milhão). Esse índice fez de Santos o porto que mais cresceu nas Américas em movimento de contêiner em 2003. Sua taxa de expansão foi também a 12ª maior do mundo. Especialistas acreditam que Santos tem potencial para movimentar ainda mais contêineres, mas está sendo freado pela falta de espaço.
O Porto de Santos subiu cinco posições no ranking mundial dos 100 principais portos na movimentação de contêineres, saltando do 58º lugar em 2002 para a 53ª colocação em 2003. Em TEUs, o porto paulista já supera o Porto de Buenos Aires, que em 2003 registrou 963 mil TEUs, ou seja, 38% a menos do que Santos. A crise da economia argentina fez com que o porto da capital do país perdesse o posto de mais importante complexo portuário sul-americano para Santos já em 2001. O diretor-comercial da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Fabrizio Pierdomênico, acredita que o porto deverá continuar a registrar altos índices de crescimento em contêineres este ano. De janeiro até agosto, a movimentação atingiu um total de 809.103 unidades, 22,7 % a mais do que em igual período do ano passado.
Pierdomênico afirma que Santos poderá movimentar este ano o recorde histórico de 68 milhões de toneladas, o que representará o dobro do movimento de dez anos atrás (em 1994, Santos movimentou 34 milhões de toneladas). Nos últimos anos, Santos também tem se destacado pelo movimento de produtos agrícolas, principalmente soja e açúcar. Muitos profissionais de logística preocupam-se com o que chamam de “granelização” do Porto de Santos. Eles acreditam que o porto poderá perder espaço de contêineres, privilegiando grãos e outros produtos agrícolas de menor valor agregado.
Os terminais privados de contêineres são administrados pela Santos Brasil, Usiminas, Libra Terminais e Terminais para Contêineres da Margem Direita (Tecondi). A pedido da Codesp, a Santos Brasil começou este ano a construir um novo terminal para contêineres e veículos, mas as obras foram paralisadas por falta de licença ambiental.
Ocupação total
O diretor para a América do Sul da P&O Nedlloyd, Dick Meurs, afirma que Santos já tem potencial para movimentar 2 milhões de TEUS. Ele preocupa-se com a falta de investimento na expansão de terminais para contêineres, já que atualmente os terminais andam 100% ocupados. “Um novo terminal leva três anos para ficar pronto; é importante fazer a expansão o quanto antes”, afirma.
“Acho que Santos tem que definir a sua vocação, ou graneleira ou industrial”, afirmou recentemente em São Paulo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Carlos Alberto Wanderley Nóbrega. Pierdomênico evita a polêmica. Segundo ele, o porto tem uma vocação natural para ser o maior concentrador de cargas da América do Sul (“hub port”), tanto no segmento industrial como no agrícola. “O porto é estratégico para o País.”
De acordo com ele, em um porto com escassez de área, a única forma para impedir um colapso é melhorar a produtividade. Para isso, são essenciais a dragagem (retirada de areia do fundo do mar) – atualmente parcialmente paralisada por falta de licença ambiental – e a construção das avenidas perimetrais e do túnel ligando as margens direita e esquerda do porto, para melhorar o acesso dos transportadores. As perimetrais devem ser construídas pelo governo federal em regime de Parceria Público-Privada (PPP), sistema que está para ser regulamentado.
Agência Estado
28/9/2004