População brasileira chegará a 260 milhões em 2050

09/01/2009

O brasileiro só deverá atingir uma expectativa de vida média de 81,3 anos – semelhante à que tem hoje a população do Japão, de 81,6 anos, o primeiro neste ranking – em 2050, ou seja, daqui a 46 anos. A diferença entre os dois países deverá persistir, embora em menor proporção. Em 2050, o japonês terá uma vida média de 88 anos, ou 7,7% a mais que o brasileiro. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que projeta uma população de 259,8 milhões para o país na primeira metade deste século, ante 181,5 milhões em 2004, ou cerca de 43% a mais.

Ainda assim, os números divulgados pelo IBGE apontam para uma melhoria considerável da perspectiva de vida da população brasileira, por conta de uma redução progressiva da taxa de expansão demográfica, que atingiu, em 2004, 1,45% ao ano, e deve cair para 0,24% em 2050, ficando abaixo da média mundial de 0,33%. Na média, a taxa de crescimento da população brasileira entre 2004/2050 deverá ser da ordem de 0,93% ao ano.

Juarez de Castro Oliveira, gerente de Projeto, Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica e responsável pela projeção da população do Brasil por sexo e idade, destaca que, “se o ritmo de crescimento populacional se mantivesse ao mesmo nível da década de 1950 (3,4% ao ano), em 2004 teríamos aproximadamente 80 milhões a mais de habitantes”.

Oliveira atribui a redução da taxa de expansão demográfica à queda continuada da taxa de fecundidade, que vem ocorrendo no país, iniciada nos anos 80, quando era de 4 filhos por mulher. Nos anos 60, esta taxa era de 6 filhos por mulher. “Entre os anos 80 e 2000, uma onda de esterilização feminina reduziu a taxa de fecundidade no país para 2,39 filhos por mulher. Este ano, ela está em 2,31. Em 2023, deve baixar para 2,01, nível de reposição de gerações. Em 2037, segundo prevê Oliveira, chegará a 1,85, também abaixo da média mundial prevista de 2,02 filhos por mulher”, destacou. Hoje, segundo o ranking da ONU, a menor taxa de fecundidade do mundo é a de Hong Kong, na China, de 1%.

Em 2050, o Brasil consolidará a tendência de prevalência das mulheres sobre os homens, por conta do padrão etário de mortalidade masculina. Em 2000, o excedente feminino na população brasileira era de 2,5 milhões, devendo saltar para 3 milhões em 2005 e mais de 6 milhões em 2050. Ou seja, vai triplicar em cinco décadas.

O fato é conseqüência das mortes violentas por causas externas entre os jovens do sexo masculino no Brasil. Segundo Juarez de Oliveira, mesmo sendo otimista em relação ao futuro, a morte violenta dos adolescentes e jovens brasileiros por assassinatos, acidentes de trânsito ou suicídios está atingindo faixas etárias cada vez menores.

Em 2000, a sobremortalidade masculina era de 1,5 vez a da mulher na faixa entre 10 a 15 anos. “A quantidade de crianças entre 10 a 11 anos que desde então passaram a trabalhar no narcotráfico vem aumentando e, certamente, esse exército de pré-adolescentes não terá vida longa”, previu o técnico do IBGE”.

O efeito combinado da redução dos níveis de fecundidade com e da mortalidade (aumento da esperança de vida) vem resultando num processo mais acelerado de envelhecimento populacional, mesmo com uma diminuição significativa da mortalidade infantil, que hoje está na faixa de 30 para cada mil nascidos na média/Brasil, comparada a 69,1 em 1980. Esta faixa cairá para 21,6 óbitos por mil nascidos em 2010, indicando que o país dificilmente conseguirá atingir a redução de dois terços da mortalidade infantil prevista nas metas do milênio da ONU, para aquele ano.

Os dados oficiais revelam que as taxas de crescimento para a faixa etária de zero a 14 anos já se encontram em níveis perto de zero, enquanto a faixa etária de 65 anos ou mais poderá superar uma expansão de 4% ao ano entre 2025 e 2030.

Outro indicador do processo acelerado de envelhecimento da população está revelado no chamado índice de envelhecimento. Em 2000, para cada grupo de 100 crianças entre zero e 14 anos, havia 18,3 idosos de 65 anos ou mais. Em 2050, esta relação poderá ser de 100 crianças para 105,6 idosos. Oliveira chama a atenção para a necessidade de políticas publicas que se adaptem a essa profunda mudança demográfica. Ele lembra que em 2000, o Brasil tinha 1,8 milhão de octogenários. Em 2050, eles poderão somar 13,7 milhões.

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