Pneus: R$ 1,2 bi em investimentos
09/01/2009
A produção automotiva brasileira deve bater novo recorde neste ano com 2,64 milhões de unidades. E aí a pergunta é inevitável: a cadeia de fornecimento tem capacidade para suprir essa demanda? No setor de pneus, a falta está descartada. Seja por investimentos internos – US$ 1,2 bilhão de 2004 a 2007 – seja pela importação: só da China se comprou 360% mais do que nos cinco primeiros meses do ano passado.
Boa parte dos investimentos foram ou estão em uso para inaugurar novas fábricas no país. A Pneus Continental, que inaugurou sua primeira unidade em abril, em Camaçari, Bahia, investiu US$ 260 milhões no projeto. A produção de pneus para autos já começou e deve alcançar 9 mil unidade/dia até dezembro. Já no primeiro semestre de 2006, o volume saltará a 14 mil. No próximo mês, a empresa inicia a produção do componente para veículos de carga com estimativa de fabricar mil unidades/dia.
Todo esse volume, no entanto, não ficará no Brasil. A empresa exportará de 80% a 85%, contra os 90% programados no início do projeto. A mudança na estratégia, segundo explicado pelo chairmann (cargo equivalente a superintendente) da divisão de pneus do grupo durante a solenidade de inauguração, Manfred Wennemer, foi provocada pela constante valorização do real.
Outra empresa que inaugurou unidade fabril no país foi a Pirelli. Apesar de já possuir fábrica em Santo André, com produção de 2,3 mil pneus/dia, escolheu Gravataí (RS) como sede do novo empreendimento. Com investimento de R$ 116 milhões, a unidade, especializada em gigante radial para caminhões e ônibus, está instalada no mesmo terreno onde funciona o principal centro mundial de desenvolvimento de pneus de veículos de duas rodas do grupo e acrescentará 12 mil toneladas ano à produção de 64 mil toneladas/ano produzidas no complexo.
Diferente de sua concorrente Continental, a Pirelli destinará 80% da produção ao mercado local e 20% às exportações. A escolha de Gravataí explica Carlos Redondo, superintedente da empresa, foi baseada na capacidade de expansão. “A cultura industrial da região, a presença de infra-estrutura já instalada, condições favoráveis de mercado e proximidade com os países do Mercosul formam o cenário ideal para acelerar as oportunidades de negócio”, diz.
ABC – Dos investimentos, o Grande ABC recebeu US$ 200 milhões, aplicados pela Bridgestone-Firestone para ampliar a capacidade de pneus de caminhões, máquinas agrícolas e off-road (fora-de-estrada) de 4 mil para 5 mil unidades dia/até o fim do ano.
A empresa também aplicou US$ 160 milhões em fábrica completamente nova em Camaçari, que inaugurará novo modelo de produção: sai de cena a estrutura linear para dar espaço a diversas pequenas fábricas. No início das operações, previsto para novembro, a expectativa é fabricar 8 mil componentes/dia.
A vantagem da estrutura modular, segundo Rioji Hirokawa, diretor da empresa responsável pelo empreendimento, é aliar produtividade, controle de qualidade e agilidade nas futuras expansões. “Reajuste em um módulo não afetará a produção”.
Diante de tantas iniciativas, o diretor-geral da Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), Vilien Soares, reafirma que o abestecimento do mercado interno está garantido. O dirigente evita fazer projeções de volume só afirma que “o setor deve repetir ou superar o desempenho de 2005”, quando foram produzidos 53,4 milhões de pneus e vendidos 56,6 milhões, incluindo importados.
China – Assim como todo o setor de autopeças, a Anip está preocupada com a invasão dos produtos chineses. “Nos primeiros cinco meses do ano, foram vendidos 480 mil pneus fabricados na China, 360% a mais do que o ano passado”, destaca Soares.
Para tentar barrar o movimento, a entidade prepara uma série de salvaguardas junto com a Fiesp (Federação das Idústrias do Estado de São Paulo) a ser apresentado em dois ou três meses.
Anip direciona US$ 22 milhões para reciclagem
Lana Pinheiro
Do Diário do Grande ABC
Para tentar evitar o problema ambiental provocado pelos pneus descartados na natureza, a Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) investiu US$ 22 milhões em programa de reciclagem do produto usado.
Segundo o diretor-geral da entidade, Vilien Soares, já existem 182 pontos de coleta em todo o Brasil, que possibilitam a reciclagem de mais de 100 milhões de pneus de automóveis por ano.
Ao mesmo tempo em que luta para cumprir a meta estipulada pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) – que estabelece que para cada quatro pneus produzidos cinco sejam reciclados –, a Anip enfrenta outra batalha: a importação de usados.
Segundo levantamento da entidade, 10,5 milhões de componentes seminovos entraram no país no ano passado. A prática é ilegal, mas liminares permitem a entrada dos pneus pelos portos brasileiros.
“Além de ser um problema ecológico, o pneu usado importado afeta diretamente a indústria de reformas e o mercado de reposição de empresas que investem no Brasil”, avalia Soares.
Fonte:
Diario do Grande ABC