PIB teve em 2004 o maior avanço do Real

09/01/2009

RIO – O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas pelo país, cresceu 5,2% em 2004 em relação a 2003, no seu melhor resultado desde que foi lançado o Plano Real, em 1994 (5,9%), divulgou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os investimentos aumentaram, os consumidores estavam com mais dinheiro no bolso, tiveram mais acesso a crédito e dispuseram de juros relativamente menores no ano. Com isso, o consumo interno esquentou e superou as exportações no papel de promotor do crescimento da economia.

No quarto trimestre, o avanço foi de 4,9% na comparação com o mesmo período de 2003. Em relação ao terceiro trimestre, o PIB variou 0,4%.

– Percebemos uma mudança importante na composição da taxa de crescimento do PIB. O setor externo continuou contribuindo positivamente, mas numa magnitude menor, e a taxa de demanda interna é que realmente ajudou – disse a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Da taxa de 5,2% do PIB de 2004, 4,1% se referem à demanda interna e 1,1% à demanda externa. Em 2003, a demanda interna havia caído 1,1%, enquanto que o setor externo crescera 1,6% fazendo com que o PIB terminasse o ano em 0,5%.

– O destaque do ano ficou com o aumento dos investimentos, que cresceram 10,9% no ano, e do consumo das famílias, que subiu 4,3% no período – diz a economista.

A demanda interna – que reúne os gastos das famílias, do governo e o nível de investimento – cresceu graças ao aumento da massa salarial dos trabalhadores (1,5%), do volume de crédito para pessoa física (22,2%) e da taxa de juros média do ano (16,3%) menor do que em 2003 (23,1%).

Segundo Rebeca, a trajetória de alta na taxa de juros básica da economia (Selic), iniciada em setembro, já pode ser sentida no resultado do PIB de 2004. Ela diz que empresários anteciparam empréstimos para investimentos devido à perspectiva de aumento dos juros.

A previsão de especialistas era que o crescimento no segundo ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva ficasse em 5% ou ligeiramente acima deste percentual. O Ipea estimava um aumento de 5,2% e a pesquisa Focus do Banco Central, realizada com cem instituições financeiras, apostavam em 5,1%.

O crescimento foi generalizado e atingiu os três setores que compõem o PIB. A indústria teve alta de 6,2% no ano: agropecuária, 5,3%; e serviços, 3,7%. Na indústria, o destaque foi para transformação (7,7%), seguida pela construção civil (5,7%) e serviços industriais e utilidade pública (5,0%).

O PIB per capita (total da produção dividido pelo número de habitantes) cresceu 3,7 % em 2004 também o melhor resultado desde 1994.

No quarto trimestre de 2004, o consumo das famílias cresceu 5,4%, a quinta alta trimestral seguida depois de nove trimestres sem aumento na comparação com mesmo período do ano anterior.

Pelo lado da demanda externa as exportações de bens e serviços mantiveram-se em crescimento (16,2%) e as importações apresentaram mais uma vez elevação nesta comparação (12,8%). O crescimento médio anual do PIB nos últimos 10 anos (1995- 2004) foi de 2,4%.

REVISÃO DO TERCEIRO TRIMESTRE – O IBGE também divulgou nesta terça-feira a revisão da taxa do PIB do terceiro trimestre de 2004. A taxa manteve-se inalterada em 6,1%, mas a composição dela mudou. A participação da Formação Bruta de Capital Fixo, que mede o nível de investimento, foi reduzida de 20,1% para 19,2%, e a do consumo das famílias subiu de 5,7% para 5,8% no período.

O IBGE sempre revisa suas taxas para incorporar dados que podem ter ficado fora do cálculo por falta de tempo. Antes, a revisão era feita sempre no terceiro trimestre do ano e, a partir de agora, será feito trimestralmente. Ou seja, daqui a três meses o IBGE divulgará a revisão do PIB do quatro trimestre de 2004, anunciado nesta terça-feira. Se houver alteração do número, a taxa anual também pode ser modificada.

Globo Online
Sabrina Valle
01/03/2005