PIB: entenda quais são os fatores que influenciam o crescimento da economia

09/01/2009

SÃO PAULO – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou, nesta quinta-feira (31), que o PIB (Produto Interno Bruto) nacional teve crescimento de 0,5% no segundo trimestre de 2006, frente aos três primeiros meses do ano, e avanço de 1,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Esse dado, sempre que anunciado, afeta consideravelmente os ânimos do mercado, as previsões de investimentos e mesmo o otimismo da população. Neste caso, que tal entendê-lo melhor?

Começando pela definição de PIB
O PIB (Produto Interno Bruto) nada mais é do que o conjunto de todos os bens e serviços finais produzidos em um país durante certo período de tempo. Ou seja, desde o “pãozinho” até um luxuoso apartamento construído neste ano, tudo isso entra no cálculo do Produto Interno Bruto do país.

E um ponto muito importante é o fato de que o PIB só computa os bens e serviços finais, para não calcular o mesmo item duas vezes. Ou seja, voltando ao exemplo anterior, o pãozinho vendido na padaria entra no cálculo do PIB, mas a farinha de trigo comprada para a fabricação do mesmo, não.

Outro aspecto importante: a venda de um carro ano 2005, por exemplo, não será computada no PIB de 2006, já que o valor do bem já foi incluído no cálculo do Produto Interno Bruto daquele ano. Daí, tira-se uma importante conclusão: só devem entrar no cálculo do PIB os bens e serviços finais produzidos no país no ano corrente.

Agora que você já sabe o que é o PIB, entenda quais fatores influenciam a sua expansão.

Consumo privado
O primeiro fator que influencia diretamente a variação do PIB diz respeito ao consumo privado, ou seja, aos gastos das famílias para a aquisição de bens ou serviços. Portanto, quanto mais as pessoas consomem, mais o PIB tende a crescer.

E o mesmo raciocínio vale para o caso contrário: uma queda no consumo pode limitar o crescimento, ou até mesmo levar o PIB a uma queda, dependendo do comportamento dos outros fatores.

O consumo, por sua vez, está diretamente ligado a duas variáveis: a renda das pessoas e a taxa de juros. Considerando que quanto mais uma pessoa tem, mais ela pode gastar, conclui-se que uma elevação na renda tende a levar a um aumento do consumo e, conseqüentemente, do PIB nacional. Vale lembrar que se trata da renda real, ou seja, aquela descontada a inflação.

Outro fator que interfere no comportamento do consumo é a taxa de juros. Aqui, o juro deve ser visto como um prêmio pago às pessoas para que elas abram mão de consumir no presente. Ou seja, quanto maior o juro, mais pessoas estarão dispostas a deixar de consumir para guardar seu dinheiro e utilizá-lo no futuro. Por isso, o juro alto prejudica a economia, pois, entre outras coisas, ele inibe o consumo presente.

Investimentos privados
Além do consumo das famílias, outro fator que tem forte influência sobre a variação do PIB são os investimentos privados, ou seja, aqueles feitos por empresas. Aqui, cabe esclarecer que a definição usada para investimentos é a de expansão do capital.

O nível de investimentos em uma dada economia depende, basicamente, da taxa de juros e do quanto a atividade econômica está aquecida. A taxa de juros deve ser entendida, neste caso, como o custo de obtenção do capital, ou seja, o custo de financiamento. Portanto, quanto maior o juro, menor será o nível de investimento, já que, para o empresário, juros altos significam maiores custos para aplicação do capital.

Outro ponto que afeta bastante o nível de investimento são as projeções para a expansão da atividade econômica. Uma empresa tende a investir mais, se forem positivas as projeções para a economia do país. Imagine, por exemplo, que o mercado espere uma queda no consumo ou um aumento do juro. Será que um empresário aplicaria seu dinheiro neste contexto?

Gastos públicos
Suponha, por exemplo, que o Governo dê início à construção de uma estrada: para que esta estrada saia do papel, é necessário contratar operários, adquirir material de construção etc., que são atividades que movimentam recursos.

Como estas atividades tendem a aumentar a renda da economia como um todo (pense nos empregos gerados, nas compras feitas pelo Governo…), maiores gastos tendem a impactar positivamente sobre o crescimento da economia. Isso não quer dizer, porém, que os governos devam sair por aí gastando dinheiro com irresponsabilidade a fim de elevar o PIB, uma vez que gastos sistematicamente elevados podem comprometer a saúde fiscal de uma economia.

Balança comercial
Outro aspecto muito importante para o crescimento do PIB de um país diz respeito às suas transações comerciais com o exterior, ou seja, a famosa balança comercial. Para quem ainda nunca ouviu falar ou, ainda que tenha ouvido, não esteja familiarizado com o termo, vale dizer que balança comercial é a diferença entre exportações e importações.

Quando as exportações superam as importações, o saldo da balança comercial fica positivo e, assim, fala-se que ela é superavitária. Por outro lado, quando um país exporta menos do que importa, o saldo comercial é negativo e a balança comercial torna-se deficitária. Não é difícil concluir que, quanto maiores as exportações, mais dinheiro entra no país, e, portanto, maior o PIB.

Contudo, quanto maiores forem as importações, mais dinheiro sai do país, e, portanto, menor o PIB. Percebe-se, assim, que saldos positivos da balança comercial favorecem o crescimento econômico em um dado período de tempo.

Desta forma, pode-se dizer que a expansão de uma dada economia é produto de, basicamente, quatro variáveis: consumo, investimento, gastos públicos e balança comercial.

Fonte:
Info Money Pessoal