Petrobras rebaixada faz bolsa despencar
05/12/2014
Brasília – Em se tratando de Petrobras, não há nada de tão ruim que não possa piorar. Com a credibilidade destruída pelo maior esquema de corrupção e lavagem de dinheiro do país, a estatal sofreu novo rebaixamento da agência de classificação de risco Moody’s. Diante das investigações da Polícia Federal em curso, com direito a prisões de ex-diretores, a nota de crédito individual da empresa caiu de baa3 para ba1, em uma análise que mede a gestão sem o suporte do governo.
Os desdobramentos do escândalo, ainda longe de ter sido totalmente desvendado, pode enfraquecer as operações da empresa, na avaliação da agência. A Moody’s alerta para “a fragilidade da governança corporativa” e sustenta a incapacidade da Petrobras em evitar que as fraudes identificadas aumentem significativamente o risco de financiamento e, por consequência, prejudiquem os investidores.
Sobre todos os aspectos, a avaliação da petroleira pela Moody’s é negativa. Na classificação global da empresa, a nota baa2 está mantida – apenas dois degraus acima do limite do grau de investimento. A agência reflete a percepção do mercado financeiro e diz não haver impulso para melhorias da situação da Petrobras a curto e médio prazos. Se o Brasil viesse a ser rebaixado, a estatal tenderia a mergulhar de vez no grau especulativo, despertando ainda menos confiança.
Na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa), as ações da estatal seguem em queda livre. Nos últimos nove pregões, os papéis da Petrobras recuaram em oito. No ano, eles já acumulam perda de 25%. Ontem, a queda das ordinárias (aquelas que dão direito a voto em decisões da empresa) foi de expressivos 4,75%, alcançado o valor de R$ 11,43. As preferenciais, por sua vez, tiveram o valor reduzido em 3,93%, passando a valer R$ 12,23.
O mau desempenho das ações da Petrobras atingem diretamente o Ibovespa, principal índice da bolsa, que ontem caiu 1,71%, zerando os ganhos acumulados em 2014. O cenário nebuloso envolvendo a estatal contribui para afastar ainda mais os investidores do mercado de capitais, na avaliação do economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira. “Os papéis da Petrobras estão caindo fortemente e não se consegue ver o fundo do poço. O mercado acreditava que R$ 12,50 seria o piso, mas agora ninguém arrisca mais”, comentou.
Com o novo rebaixamento, pontuou Vieira, a estatal terá dificuldades crescentes de concretizar os investimentos previstos, uma vez que a nota de crédito menor encarece a captação de recursos, pois, em tese, o risco de calote aumenta. “A situação é bem complicada. Não há motivo para apostar nos papéis da empresa”, opinou.
Perspectivas ficam piores
A reação do mercado, no entender de Felipe Chad, da DXI Planejamento Financeiro, nada mais é do que um reflexo do ambiente da Petrobras nos últimos meses. A despeito da forte desvalorização dos papéis este ano, Chad acredita que o preço – salvo alguma mudança radical de rumo – tende a continuar caindo. “Os investidores não sabem nem mesmo se os dados dos balanços da empresa são reais. É difícil entender ao certo o que está acontecendo”, emendou. Em 2015, a Petrobras terá de ser capitalizada em meio a um cenário bastante negativo, acrescentou o ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Renê Garcia Júnior.
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em.com.br