Petrobras pode ajustar preço do gás para frear demanda

SÃO PAULO – O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou nesta terça-feira que o aumento da demanda por gás natural tem “preocupado” a direção da estatal e admitiu que a empresa pode adotar medidas para frear o consumo do combustível. Entre as medidas citadas por Gabrielli, há a possibilidade de ajuste de preços.

“Temos problemas de “timing” real e temos de ajustar a demanda. Não dá para crescer 20% anualmente”, disse o executivo, que comentou que o consumo do gás natural tem crescido a taxas anuais de cerca de 19% nos últimos dois anos no mercado brasileiro.

Entre as medidas estudadas pela Petrobras para arrefecer a demanda, citou o presidente da estatal, está o ajuste de preços praticados no mercado. O realinhamento, disse, seria feito com o fim dos descontos concedidos pela estatal desde 2003. Na época, a empresa diminuiu os preços para incentivar o consumo do gás.

Outra possibilidade é a transformação de termoelétricas, que atualmente usam gás natural, em unidades “bicombustíveis”, que poderiam usar gás e diesel ou óleo combustível. Segundo Gabrielli, oito termoelétricas da estatal devem ser convertidas com um custo estimado entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. O cronograma da empresa cita que as oito unidades podem estar funcionando com os dois combustíveis até janeiro de 2007. Ele explicou, contudo, que as termoelétricas não funcionariam o tempo todo com a fonte alternativa. “Isso seria inviável”, disse.

Alguns analistas citam a possibilidade de um déficit de até 30 milhões de metros cúbicos diários de gás natural em 2007 no mercado brasileiro.

Fonte:
Fernando Nakagawa
Valor Online
10/8/2005