PETROBRAS COMPRA A AGIP DO BRASIL

09/01/2009

Rio, 28 de Junho de 2004 – Negócio de US$ 450 milhões dá à empresa 21,8% do mercado de gás liquefeito de petróleo.

O conselho de administração da Petrobras aprovou a compra da Agip no Brasil por US$ 450 milhões. A Petrobras negociou a aquisição de todos os ativos da empresa com sua controladora, a petroleira italiana Eni, o que inclui os segmentos de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), de lubrificantes e de combustíveis. Com isso, a estatal aumenta sua participação no mercado brasileiro de GLP dos atuais 0,4% para 21,8%, passando a concorrer diretamente com os líderes do setor, como a holandesa SHV, dona de 23,6% da distribuição de GLP no País, e as brasileiras Ultragás, detentora de 24,3%, e Nacional Gás Butano, responsável por 19,1% da rede de abastecimento.

“A intenção de compra da Agip significa a inserção da companhia, através da BR, em um segmento onde a participação da Petrobras é praticamente residual quando comparada com o percentual de mercado na distribuição de todos os demais derivados líquidos de petróleo”, disse o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, em nota divulgada por sua assessoria.

Até então, a presença da Petrobras nessa área limitava-se a modestos 0,4% do mercado. Dutra reforça: “Nossa ausência no atendimento ao consumo domiciliar de GLP não tem lógica, afinal todas as grandes corporações de petróleo do mundo operam de forma integrada seu portfólio de produtos.”

A estratégia é questionável, na avaliação de Marcelo Mesquita, especialista do setor do banco suíço UBS. Segundo ele, o valor da compra foi razoável para a Petrobras, mas, a seu ver, o negócio não se justifica sob o enfoque de mercado. “Estamos precisando de mais ingressos de capital externo para aumentar a concorrência e dar mais opção para o consumidor. Se há risco de formação de cartel, deveríamos ter uma agência reguladora forte para atuar nessas horas”, disse. “Foi um sinal muito ruim para o mercado. A Petrobras está estatizando um setor”, completou.

Mas o passo segue a diretriz definida no planejamento estratégico da Petrobras de atingir a liderança no mercado de GLP até 2010. Antes de bater o martelo com a Eni, a estatal chegou a negociar com a Shell e com a SHV.

A aquisição, feita através de sua subsidiária BR Distribuidora, também amplia em 4% a participação da empresa no mercado de combustíveis, a partir da aquisição de 1,6 mil postos de revenda, e de 3% no segmento de lubrificantes. Todos os contratos válidos serão honrados e os que estão por vencer serão negociados.

No setor de GLP, o negócio significa a aquisição de 25 unidades de engarrafamento, 28 depósitos comerciais, incluindo as marcas Liquigás, Tropigás e Novogás, responsáveis pelo atendimento a milhões de consumidores finais, através de uma rede com mais de quatro mil revendedores.

Para o presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim, além da significativa participação no GLP, a partir do fechamento do negócio, a BR terá um importante reforço para “consolidar sua liderança no setor da revenda de combustíveis, que sofre com a concorrência predatória de empresas sonegadoras de impostos e adulteradoras de produtos”.

O negócio inclui a área de lubrificantes e os direitos de comercialização de 200 produtos distribuídos em mais de 5 mil pontos de venda. E, no segmento de combustíveis, uma rede de cerca de 1,6 mil postos de revenda, distribuídos por 10 estados brasileiros (SP, MG, RJ, MT, MS, TO, GO, PR, SC e RS) e nove bases próprias de distribuição, além de 11 participações em “pools” de distribuição, contabilizando uma tancagem de 100 mil m³ e uma fatia de mercado estimada em 4%, além das marcas Ipê, Companhia São Paulo, Hora Extra, Shop Bar e o licenciamento da marca Agip.

(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 6)
(Mônica Magnavita)