Parlamento da Ucrânia ratifica acordo histórico com a UE

16/09/2014

O Parlamento da Ucrânia ratificou nesta terça-feira (16) um acordo histórico de associação política e comercial com a União Europeia, cuja rejeição em novembro pelo então presidente Viktor Yanukovych levou à sua saída do poder.

 

AP

Legisladores ucranianos aplaudem ratificação do acordo que aprofunda os laços econômicos e políticos do país com a União Europeia em Kiev, Ucrânia

 

 

O voto pela ratificação, sincronizado por vídeo chat com o Parlamento Europeu em Estrasburgo e que contou com o apoio unânime dos 355 deputados, desenha uma nova linha sob a questão, que no ano passado provocou a crise ucraniana e resultou na derrubada do presidente, anexação da Crimeia pela Rússia e uma guerra com os separatistas Rússia apoiados que já deixou mais de 3 mil mortos.

A votação de Kiev foi ovacionada pelo parlamento, que celebrou a data com o hino nacional. Em um discurso para os legisladores, o presidente Petro Poroshenko considerou a votação "um primeiro passo, mas muito decisivo" para levar a Ucrânia para mais perto da União Europeia.

 

Poroshenko também disse que aqueles que morreram durante os protestos e durante os combates no leste "deram suas vidas para que pudéssemos ter um lugar digno entre a família europeia."

"Desde a Segunda Guerra Mundial não houve uma única nação que pagou um preço tão alto pelo seu direito de ser europeu", disse ele.

Em contraste com a comemoração, o parlamento decidiu, a portas fechadas no início do dia, aprovar dois projetos de lei que concedem maior autonomia às regiões rebeldes no leste, bem como anistia para muitos dos envolvidos nos combates.

A decisão faz parte de um processo de paz tênue que vê o acordo de cessar-fogo, fixado no dia 5 de setembro, ser repetidamente violado e criticado por muitos na Ucrânia.

 

Na terça-feira, o conselho da cidade de Donetsk disse que houve três mortos e cinco feridos em bombardeamentos durante a noite. O coronel Andriy Lysenko, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia, disse que três soldados ucranianos foram mortos ao longo da segunda-feira. Os confrontos continuam na área em torno do aeroporto de Donetsk, a maior cidade sob controle rebelde.

O regime de autonomia fica aquém do objetivo dos rebeldes do leste para a independência completa, mas o líder rebelde Alexander Zakharchenko disse à agência de notícias russa RIA Novosti que a liderança separatista estudaria as novas medidas.

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O acordo com a UE foi muito procurado por ucranianos que querem ver seu país a caminho do oeste e fora da esfera de influência da Rússia. Depois de o então presidente Viktor Yanukovych arquivar o negócio no ano passado, protestos eclodiram e, eventualmente, culminaram em violência e levaram o líder a fugir do país. Na sequência, a Rússia anexou a península da Criméia da Ucrânia e uma rebelião pró-Rússia eclodiu no leste ucraniano.

Forças ucranianas em abril lançaram uma operação militar para acabar com a rebelião, que afirmam ter o apoio substancial, incluindo tropas e equipamentos militares, da Rússia.

A Rússia se opôs fortemente a inclinação da Ucrânia para a UE, na esperança de levar o país a fazer parte de um bloco comercial liderado por Moscou que equilibraria ou competiria com a UE. Ucranianos que buscam uma maior aproximação com o bloco ocidental denunciaram o bloco comercial liderado pela Rússia como uma tentativa de reconstituir a União Soviética.

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Moscou também temia que a aproximação com a UE e a redução das tarifas sobre bens ocidentais minariam a demanda da Ucrânia sobre os produtos russos e permitiria a reexportação para a Rússia de produtos da UE a preços mais baixos. Em uma concessão significativa para a Rússia, a Ucrânia e a UE concordaram na semana passada em reduzir a tarifa como parte do acordo até pelo menos 2016.

*Com AP e Reuters

 

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