Para especialistas, gastos públicos emperram crescimento do Brasil

09/01/2009

SÃO PAULO – O crescimento econômico brasileiro vem sendo comprometido pelo elevado nível de gastos públicos e pela falta de investimentos em educação. Esta é a avaliação de especialistas que participaram do seminário “Caminhos do Crescimento”, promovido pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira (15).

Dinheiro público
As despesas públicas representam cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), José Márcio Camargo. “É o maior nível de todos os países emergentes do mundo”, apontou.

Como parâmetro, o especialista citou o México que, apesar de também sustentar gastos acima da média internacional, não ultrapassam 20% do PIB.

Com um comprometimento nesses patamares, avalia Camargo, as empresas no Brasil têm seu potencial engessado, uma vez que o crescimento econômico não acompanha a demanda. “Quando o setor privado começa a crescer, não adianta, não tem recurso”, avalia.

Já para o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luciano Coutinho, os juros poderão cair se o Governo reduzir seus gastos.

Previdência Social
Outra providência recomendada por Coutinho é mudar a forma com que o sistema previdenciário vem sendo gerido. “Não adianta só fazer recadastramentos periódicos, porque o sistema previdenciário brasileiro é altamente vulnerável a fraudes”, criticou.

Só a despesa com pagamento de aposentadorias e pensões equivale a 13% do PIB, apesar dessa média cair para 6% em países com a mesma proporção de idosos que o Brasil.

Camargo também defende uma política mais agressiva para o comércio externo. “Há 25 anos, o Brasil era a quinta economia mais fechada do mundo. Hoje, o Brasil continua a quinta economia mais fechada”, adverte.

Ele compara a relação entre comércio externo e o PIB, que no País passou de 12% para 30% em dez anos, mas que na China chega a 75%.

Educação para crescer
Mas não basta apenas que o Brasil corte os gastos públicos e abra sua economia. Sem investimento em capacitação educacional e profissional, o crescimento econômico também estará comprometido.

Para Camargo, “nenhum país do mundo conseguiu crescer a taxas elevadas e sustentadas sem investir na educação, em capital humano de seus jovens e suas crianças”.

O professor disse que sem esse tipo de providência, não será tarefa fácil competir com os países asiáticos.

Infra-estrutura X Educação
Enquanto por aqui os governos investiram em infra-estrutura e indústria nas últimas décadas, em países como a Coréia o principal foco foi a educação. “No final dos anos 50, a Coréia tinha uma renda per capita que era metade da brasileira. Hoje ela é o dobro da nossa”, comparou.

Ele lembra que 30% da população brasileira é formada por jovens de até 15 anos. Essa parcela recebe investimentos governamentais equivalentes a 3% do PIB, ao mesmo tempo em que o pagamento com aposentadorias e pensão consome um valor 14 vezes maior. Essas informações são da Agência Brasil.

Fonte:
Info Money