Para especialistas, álcool revolucionará vida rural na América Latina
09/01/2009
Miami, 19 dez (EFE).- A produção de álcool como biocombustível não é apenas uma alternativa que “diminuirá a dependência do petróleo”, mas “mudará a vida rural da América Latina”, asseguraram ontem em Miami políticos e especialistas.
A chave está em antes de “substituir o petróleo” formar “uma matriz energética mais ampla” que incorpore os “biocombustíveis como o álcool”, disse à Efe Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Para o diretor do BID, que participou ontem em Miami de uma conferência na qual foi anunciada a criação da Comissão Interamericana do Etanol, o álcool extraído da cana de açúcar, do milho e de outros produtos revolucionará “a vida rural da América Latina” à medida que “sua produção para energia aumentar”.
De acordo com Moreno, o álcool é “claramente uma alternativa real” ao petróleo que, além disso, “melhorará” substancialmente a “renda do camponês” na América Latina, algo que representa, segundo disse, um “desafio para os Governos”: “O investimento em tecnologia”.
Nesse sentido, o governador da Flórida, Jeb Bush, um dos mais entusiastas incentivadores da pesquisa sobre este biocombustível nos Estados Unidos, assinalou na conferência que “a exuberância do álcool” é a “grande promessa” para o país.
Acrescentou que seu uso é uma garantia de “proteção do meio ambiente” mais “limpo”.
O governador, irmão mais novo do presidente dos EUA, George W.
Bush, expressou estar convencido que a produção de álcool cumprirá um duplo objetivo: “Reduzir a dependência dos EUA do petróleo exterior” e consolidar uma “segurança energética” e “eficiente”.
Os EUA, em números globais, são o segundo maior produtor mundial de álcool, com 30%, atrás apenas do Brasil, número 1 e maior exportador deste biocombustível, com 34% da produção total.
O resto, segundo o diretor do BID, é composto por cerca de trinta países, entre os quais se destaca a Colômbia, que é o segundo maior produtor de álcool da América Latina, um marco alcançado em apenas quatro anos e que confirma, segundo Moreno, que a aposta do Banco de apoiar o desenvolvimento deste tipo de biocombustível era acertada.
Moreno lembrou que há 27 anos, quando se pensava que “os biocombustíveis eram uma idéia louca” e se “criticava” o Brasil por sua decisão de incentivar a pesquisa e produção de álcool, o BID acreditou neste “visionário esforço que hoje deu frutos” e que “todo o mundo contempla”.
Ainda mais entusiasta foi o ex-ministro da Agricultura do Brasil Roberto Rodrigues, que falou sobre os novos horizontes “absolutamente fantásticos” que se abrem com a “agroenergia”.
“Estamos aqui para anunciar e lançar uma nova civilização”, um “projeto revolucionário” que forjará uma realidade “única” carregada de futuro para “nossos netos e para os filhos de nossos netos”, exclamou Rodrigues, para garantir depois que a Comissão será muito “ambiciosa” com relação ao cumprimento de seus postulados.
Rodrigues acrescentou que a Comissão Interamericana do Etanol, presidida por Jeb Bush, Moreno e ele mesmo, impôs como compromisso de fundação “mudar a civilização” com esta nova energia que permitirá que os países escapem da “dependência do petróleo”.
Bush explicou que a “promoção do álcool” no continente atuará como catalisador que “eliminará barreiras para o livre comércio dentro da região” e “melhorará as economias e a qualidade de vida de milhões de pessoas”.
“O álcool pode ser um poderoso catalisador para as nações pobres”, já que permitirá que “desenvolvam sua própria energia” e se beneficiem de uma “oportunidade econômica” por meio de investimentos neste setor.
Assim, Moreno pediu que investissem na utilização das imensas áreas improdutivas para “cultivar a cana de açúcar” e aproveitar, desta maneira, esta “grande oportunidade” para as comunidades rurais que pode acabar com a emigração dos jovens do campo.
Por isso, torna-se necessário, afirmou, chegar a um “consenso” sobre o álcool com os “políticos, os produtores de cana e de hidrocarbonetos e os defensores do meio ambiente”.
Fonte:
Agencia Efe