Países vizinhos superam a alta de exportações do Brasil

09/01/2009

Apesar do crescimento de 32% nas exportações, o Brasil deve ficar só em quinto lugar na América do Sul em termos de expansão das vendas externas no ano passado. O Chile, cujas exportações subiram 52%, lidera o ranking .

Mas a comparação entre o desempenho do Brasil e o dos demais países da região é difícil, devido à dependência da maioria dos vizinhos de algumas poucas commodities, cujos preços tiveram forte alta.

Esse é o caso, por exemplo, da Venezuela. O petróleo responde por cerca de 80% das exportações venezuelanas. O país exportou entre janeiro e setembro US$ 28,52 bilhões (contra US$ 19,150 bilhões no mesmo período de 2003), sendo que US$ 23,7 bilhões foram petróleo e derivados.

Praticamente todo o ganho de 48,8% nas exportações (em relação ao mesmo período de 2003) se deve ao petróleo. Em parte, por conta da alta global do preço do barril, mas também devido ao aumento de produção em comparação com 2003, ano marcado pela grave geral que paralisou o país por mais de um mês. Dependendo do resultado no final de 2004, ainda não divulgado, a Venezuela poderá superar o Chile e liderar o crescimento das exportações na região.

Na Venezuela, como em toda a região, a alta nas exportações foi acompanhada por expansão forte também das importações, que subiram 62,5%, de US$ 7,544 bilhões para US$ 12,266 bilhões nos três primeiros trimestres de 2004.

No caso do Chile, a economia mais aberta da América do Sul, o ganho de 52% nos embarques se deve tanto à alta do preço do cobre, principal produto na pauta de exportações do país e que subiu 37% em 2004, como à agressiva política de abertura comercial, que fez o país assinar vários acordos de livre comércio, incluindo com os EUA e a União Européia.

Com isso, as exportações chilenas passaram de US$ 21 bilhões, em 2003, para 32 bilhões no ano passado. O resultado deixou o país bem perto da Argentina no ranking dos exportadores da região, que é liderado com folga pelo Brasil (com US$ 96 bilhões em 2004), seguido da Venezuela.

O terceiro lugar na lista de crescimento das exportações é disputado pela Bolívia (beneficiada pela crescente produção de gás) e pelo Peru. Os dois países ganharam ainda com a elevação da cotação de vários minérios que têm peso expressivo nas suas exportações.

A decepção da região deve ser a Argentina, cujas exportações foram as que menos cresceram no ano passado (até novembro, último dado divulgado), com apenas 16% de incremento em relação ao mesmo período de 2003. Os embarques do país entre janeiro e novembro somaram US$ 31,49 bilhões, contra US$ 27,1 em 2003. No mesmo período de onze meses, as importações tiveram um salto brutal de 64%, passando de US$ 12,32 bilhões para US$ 22,22 bilhões.

Na Colômbia, a variação positiva das exportações foi de 23,2% até outubro, de US$ 10,86 bilhões em 2003 para US$ 13,39 bilhões. Os chamados setores tradicionais (petróleo, café, carvão e pesca) puxaram o bom desempenho. Já as importações não acompanharam, acumulando em outubro saldo de US$ 13,39 bilhões, resultado praticamente igual ao mesmo período de 2003, de US$ 13,88 bilhões.

Valor Online
12/1/2005