País vai exportar 60% da soja mundial
09/01/2009
São Paulo, 22 de Fevereiro de 2007 – Previsão do Usda é que já na safra 2008/09, o Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos. O Brasil vai assumir de vez sua vocação e se consolidará como o maior exportador mundial de soja em grão. Até 2016, o País estará dominando 60% do total exportado ao mundo, percentual que, atualmente, é de 40%. As projeções, feitas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), é vista como positiva por alguns segmentos do mercado. Para outros, a medida tem mais impacto negativo, pois resulta na importação de empregos.
A previsão do Usda é de que, em 2008, o Brasil vai superar de vez as exportações americanas do grão. Nos dois anos essa liderança vem sendo revezada entre os dois países. Na safra 2005/06, por exemplo, o Brasil superou as vendas externas da oleaginosa americana em 100 mil toneladas. Para a safra 2007/08, a previsão do Usda é de que as exportações dos Estados Unidos sejam 1,4 milhão de toneladas superior às brasileiras. A liderança deve ser assumida em definitivo pelo Brasil a partir da safra 2008/09, quando o País exportará 37,4 milhões de toneladas, ante as 27,2 milhões de toneladas dos Estados Unidos.
Para o analista da Tetra Consultoria, Renato Sayeg,
o Brasil anunciou que assumiria essa posição há cerca de dez anos, quando criou a Lei Kandir, isentando, do imposto estadual, a exportação de produtos primários e semi-elaborados. “Tanto que há uma década tínhamos mais que o dobro da capacidade de esmagamento da Argentina que, em 2006, superou a do Brasil”, informa.
Ele explica que essa condição não se limita ao produto soja. “Em torno de 76% das exportações brasileiras são de baixo componente tecnológico. E, isso representa um enfraquecimento, sobretudo na geração de empregos. Estamos importando desemprego”, pontua Sayeg. O cacau é um caso clássico, segundo o analista. “A Suíça não planta um hectare dessa matéria-prima, mas é o maior exportador mundial de chocolate”, compara. Ele acrescenta ainda que, o País passa a perder investimentos privados. “Qualquer aporte a ser feito em esmagamento de soja, por exemplo, não ocorrerá no Brasil, o que intensifica a perda econômica”, considera o analista.
Além disso, segundo Sayeg, agregar valor, fortalecer a agroindústria, redunda em menos riscos para economia, no caso de crises no campo, como quebras de safra. “O setor industrial fica mais imune à intensidade dos prejuízos, pois, se falta matéria-prima, a indústria pode importar; não pára de produzir, pois tem mercado para vender. Assim ocorre, por exemplo, com a indústria do trigo”.
O diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Teixeira Mendes, avalia essa postura brasileira com positiva. Para ele, é uma questão de cada país assumir sua posição, conforme suas condições de competitividade. “É o que o mercado está pedindo. Outros países, como China e Argentina, querem agregar valor e gerar emprego em seu país e, por isso, precisam importar o grão e, não, o óleo. Além disso, a indústria brasileira não tem condições de competir no mercado internacional. Por isso, tem assumir o posto de exportador de matéria-prima, o que é positivo, pois só os brasileiros têm condições de expandir área. Temos ainda o dobro das terras ocupadas ainda a serem incorporados à agricultura”, afirma Mendes.
Na disputa direta com a Argentina, por exemplo, além da questão pontual do câmbio argentino – mais vantajoso que o brasileiro em relação ao dólar – há a diferença tributária do imposto interestadual, encargo que os argentinos não têm, segundo Anderson Galvão, da Céleres Consultoria.
Por outro lado, os argentinos estão no limite da expansão de área, e por isso, também não podem disputar a exportação da soja em grão com o Brasil.
Fonte:
Gazeta Mercantil
Fabiana Batista