Onda nacionalista faz investidor na AL rever planos, diz FT

09/01/2009

O jornal britânico Financial Times afirma nesta segunda-feira que empresas que costumavam investir na América Latina estão “revendo seus planos” diante de temores de que a tendência intervencionista vivida no continente vá crescer.

O jornal acrescenta que apropriações de empresas inspiradas em ideais nacionalistas e restrições burocráticas estão “diminuindo o apetite” de investidores pela região.

De acordo com o jornal, a tendência é surpreendente, visto que “as economias dos países latino-americanos estão mais estáveis atualmente do que nos últimos 30 anos”. Os países latino-americanos, diz o FT, têm índices inflacionários de apenas um dígito e poderiam se beneficiar com a crescente demanda da China e de outros países asiáticos por matérias-primas que possuem em abundância, como cobre e minério de ferro.

O Financial Times comenta que nos setores de gás natural e petróleo governos começaram a impor contratos mais duros para investidores internacionais e acrescenta que projetos de nacionalização na Bolívia e no Equador foram particularmente negativos.

Segundo o diário, mesmo nações tidas como receptivas a investimentos estrangeiros não fogem à tendência do continente. “O governo de centro-esquerda do Brasil foi mais receptivo, mas vem fracassando em reduzir entraves burocráticos e numerosos ônus trabalhistas e encargos fiscais”. Para o Financial Times, a Argentina não fica atrás, pois tem “, no papel, as leis de investimento mais liberais do mundo, mas o governo esquerdista de Néstor Kirchner vem intervindo de forma arbitrária em inúmeros setores”.

Eleições na Colômbia
O jornal colombiano El Espectador afirma que mesmo com a reeleição do presidente Álvaro Uribe, “o fenômeno político” do pleito presidencial colombiano foi a votação do segundo colocado, o candidato de centro-esquerda Cesar Gaviria, que obteve mais de 20% dos votos – o que, segundo a publicação, representa “a maior votação já recebida pela esquerda no país”.

De acordo com o Espectador, Gaviria se afirmou como “uma figura de idéias claras, culto e inteligente, que ousou se posicionar como uma alternativa à continuidade”. Segundo o jornal, ainda que Gaviria tenha recebido críticas pelos “perigosos efeitos que suas propostas econômicas poderiam ter”, o país “vem há anos seguindo o mesmo modelo, que mesmo tendo gerado alguns avanços, foi incapaz de pôr fim à pobreza”.

O diário El Colombiano afirma que as eleições foram históricas por diversos motivos: foi a primeira reeleição na história do país, o pleito foi o mais tranqüilo das últimas décadas e a esquerda obteve uma expressiva vitória, tornando-se a segunda força política da Colômbia, superando partidos tradicionais.

O americano Washington Post comenta que a reeleição de Uribe, um adepto da “lei e da ordem”, e diz que a vitória “fortalece o mandato do presidente, descrito como um aliado americano, para combater grupos armados e traficantes de drogas”.

Segundo o jornal, a reeleição de Uribe, “educado em Harvard”, freia a tendência esquerdista em voga na América do Sul.

Violência na Rússia
O jornal russo em língua inglesa The Moscow Times fala das cenas de violência vistas na primeira parada gay convocada em Moscou e realizada neste fim de semana, a despeito da proibição das autoridades locais.

De acordo com o Moscow Times, as manifestações violentas deixaram claro que “membros da Igreja Ortodoxa, ultranacionalistas e outros manifestantes não estavam só se insurgindo contra os direitos de gays, mas sim contra tudo que eles acreditavam ser não-russo”, o que incluiría “pessoas do sudeste asiático, ocidentais ou qualquer um que vá contra a nostalgia por uma Rússia fechada e imperial”.

O diário afirma que essa postura de encarar “o lado de fora” como uma ameaça é que levou à agressão de um homem de pele escura atacado por uma gangue de ulranacionalistas simplesmente por “ser da cor errada”.

Fonte:
Invertia
BBC