Nápoles aposta em Salão Náutico para resgatar imagem

09/01/2009

Mais de 1,2 mil embarcações flutuam na baía de Nápoles nesta semana como parte da expansão de um dos principais eventos do calendário da cidade: o Salão Náutico de Nápoles, o Nauticsud.

A versão deste ano, a 39ª edição do evento, foi expandida em 40% para ajudar Nápoles a recuperar a imagem de pólo turístico, arranhada pela “crise do lixo”, que espantou os turistas da cidade.

Cerca de 150 mil pessoas, entre compradores e simples visitantes, devem passar pelos trapiches e entrar nos barcos em exposição e, em alguns casos, poderão sair para um “test-drive”.

“Procuro um barco veloz, com uma boa navegação e uma grande comodidade”, diz um italiano. “Este aqui com ar condicionado externo é uma bela novidade”, acrescenta a mulher diante de um iate que custa cerca de 3 milhões de euros (cerca de R$ 7,9 milhões).

Alguns iates expostos foram planejados para funcionar como casas flutuantes. As dimensões reduzidas não são uma barreira para arquitetos navais, que criam espaços aproveitando cada centímetro quadrado da embarcação.

Em um dos barcos, a despensa para os mantimentos fica escondida sob um alçapão mimetizado perfeitamente com o chão. A cozinha é feita em madeira de lei e os sofás são revestidos com couro de crocodilo.

Neste ano, os barcos ocupam uma superfície de 34 mil m², 41% a mais do que na edição anterior. Mais de 700 expositores participam do evento.

Os números refletem a boa saúde do setor náutico. A indústria naval, um dos principais motores da economia italiana, cresceu 7% em 2006. O volume de negócios anual gira em torno dos 2,3 bilhões de euros.

Muitos barcos presentes no Nauticsud possuem bandeiras de outros países como a Inglaterra, a Grécia e a Espanha. Mais do que uma tentativa de driblar a fiscalização da receita federal, as matrículas no exterior mostram o fascínio que os iates construídos na Itália exercem sobre os milionários estrangeiros.

“Nós exportamos quase 85% da nossa produção. A nossa preocupação é fazer um barco veloz, com uma navegação confortável e segura”, afirma à BBC Brasil, o armador Roy Capasso, da Baia, um dos estaleiros mais tradicionais da Itália.

Crise do lixo
O presidente da União Nacional dos Armadores, Lino Ferrari, e organizador do evento disse à BBC Brasil que o evento pretende ajudar a “resgatar a imagem de Nápoles”.

A cidade atrai milhares de turistas a cada ano por causa de tesouros arqueológicos como a cidade de Pompéia e pela famosa beleza da baía de Nápoles e de ilhas como Capri e Ischia.

Mas, no início do ano, milhares de toneladas de lixo se acumularam nas ruas da cidade no início do ano, porque os lixeiros estavam em greve e os depósitos da cidade haviam alcançado o limite máximo.

Segundo especialistas, a origem do problema é que a máfia napolitana transformou o lixo em um negócio altamente lucrativo.

A Camorra sabotou todas as tentativas de construção de incineradores mais modernos e deixou a região totalmente dependente de depósitos de lixo, o que gerou uma crise que ainda não foi solucionada pelas autoridades italianas.

Fonte:
Invertia
BBC
Guilherme Aquino