Múltis usam o Brasil como base de exportação à África

09/01/2009

As multinacionais estão transformando o Brasil em plataforma de exportação para a África. Dada a proximidade e o predomínio de produtos populares nesses mercados, as filiais brasileiras ganham a disputa com matrizes e unidades européias. A valorização do euro também aumentou a competitividade do Brasil.

A filial brasileira da Ford acaba de fechar a venda de mil picapes para a África do Sul. Já a Volkswagen prevê vender 8 mil veículos para o continente africano em 2004, uma receita de US$ 50 milhões. A companhia iniciou os embarques em 2003 e já exporta para 12 países, com destaque para Egito, Marrocos, Argélia e Nigéria. No Marrocos, onde seus veículos chegaram em janeiro, os carros produzidos no Brasil já respondem por mais de 50% das 4 mil unidades vendidas com a marca Volks no país. Ao reestruturar suas linhas globais de produção, a Scania também preferiu abastecer a África a partir do Brasil. A filial manda caminhões semidesmontados, além de chassis de caminhões e ônibus. As vendas aos africanos somam US$ 50 milhões por ano.

O Brasil também já exporta computadores para o continente africano. Em setembro do ano passado, a filial da Dell Computers fez seu primeiro embarque de desktops para a África do Sul, deslocando assim uma parcela da produção antes fornecida pela subsidiária da Irlanda. Os embarques estão concentrados na África do Sul porque a demanda dos demais países da região ainda não atingiu a escala necessária.

As exportações brasileiras para a África somaram US$ 1,85 bilhão no primeiro semestre, com alta de 63% ante o mesmo período de 2003, por conta da estratégia das multinacionais e da maior exportação de commodities. Os embarques de açúcar já atingem 3 milhões de toneladas.

Valor On Line
21/8/2004
Raquel Landim