Mistura de álcool na gasolina sobe a 23% em 20 de novembro
09/01/2009
SÃO PAULO (Reuters) – O governo decidiu nesta terça-feira elevar o nível da adição de álcool na gasolina dos atuais 20 por cento para 23 por cento a partir de 20 de novembro, informou o Ministério da Agricultura.
A decisão atende parcialmente à solicitação do setor, que defendia um aumento da mistura para 25 por cento a partir de 1o de novembro.
Segundo o ministério, o estoque de álcool nas usinas está elevado –somava cerca de 5,1 bilhões de litros em 1o de outubro–, volume suficiente para garantir a mistura de 23 por cento no período de entressafra, que oficialmente acaba no fim de abril de 2007.
“A medida começa a vigorar a partir de 20 de novembro e atende ao pleito do setor sucroalcooleiro, que solicitava o aumento da mistura devido ao incremento da safra”, declarou o ministério em um comunicado.
A alteração da mistura foi decidida em uma reunião entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e os ministros do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), composto por Agricultura, Fazenda, Minas e Energia e Desenvolvimento.
O mercado aguardava o aumento da mistura, que funciona como um fator de sustentação dos preços do álcool.
A mudança representa um consumo adicional de álcool de 306,9 milhões de litros, segundo o ministério, que prevê um estoque em 1o de maio de 2007 (início da próxima safra) de 614,3 milhões de litros com a elevação.
As exportações de álcool no ano devem ficar 700 milhões de litros acima do volume embarcado em 2005, enquanto a produção foi ampliada em 1,7 bilhão de litros, segundo o comunicado.
EFEITO LIMITADO
Especialistas em preços estavam aguardando a decisão, que é vista como um fator de baixa para a inflação, uma vez que o preço do álcool é menor que o da gasolina. O próprio Ministério da Agricultura prevê alguma redução nos preços.
Mas para o setor que representa os postos de combustíveis, a mudança é inócua.
“Na realidade essa medida não vai ter impacto nenhum. Não vai subir nem cair nada o preço da gasolina porque os preços são muito próximos. O litro do álcool anidro custa 0,991 real e o da gasolina está em 1,003 real”, disse José Alberto Gouveia, presidente do Sindicato do Comércio do Derivado de Petróleo no Estado de São Paulo (Sincopetro).
Gouveia afirmou que a gasolina não sobe desde setembro de 2005. “A mistura teve variações o ano todo por causa do álcool. Não tem por que (a mudança) afetar desta vez.”
A mistura está no patamar de 20 por cento desde 1o de março, quando a intenção do governo era diminuir a pressão sobre os preços do derivado de cana. Antes, ela estava em 25 por cento.
Reuters
colaboração Maurício Savarese
Por Inaê Riveras e Cesar Bianconi