Mercosul perde espaço no comércio brasileiro

09/01/2009

O Mercosul trouxe rumos opostos às indústrias do Brasil e da Argentina. Para os brasileiros, o bloco foi fundamental para criar escala e modelar uma cultura exportadora.

Ao longo dos dez anos de parceria, contudo, as exportações para os vizinhos foram perdendo importância. Em 1994, 13,6% de tudo o que o Brasil exportou teve como destino Argentina, Paraguai e Uruguai. Em 1998, auge do comércio na região, chegou a 17,3%. Este ano, até outubro, está em 9,2%.

Amarrada durante longos anos a uma política de câmbio fixo, a Argentina, ao contrário, não conseguiu usar o Mercosul para impulsionar a industrialização. O poder de atração inicial que a Argentina exerceu sobre os investimentos internacionais evaporou-se à medida que a economia se deteriorava. Linhas de produção foram transferidas para o Brasil que ainda assim absorve metade de suas vendas industriais. A exportação argentina permaneceu centrada em itens de baixo valor agregado.

As exportações brasileiras para a Argentina aumentaram brutalmente na última década. Comparando a média mensal de janeiro a outubro de 2004 com a média mensal de 1994, os aumentos foram de 293% nos embarques de automóveis, 108% nos veículos de carga, quase 6.000% nos aparelhos transmissores, 581% nos calçados e 110% nos têxteis, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. Mas, no total, a participação da Argentina nas vendas externas do Brasil recuou de 9,5% em 1994 para 7,6%.

A Argentina ajudou o empresário brasileiro a exportar, mas para muitos os parceiros são um entrave. Apesar disso, o futuro do Mercosul – se deixa de ser união aduaneira para transformar-se em área de livre comércio ou se adota um regime de salvaguardas – não está na agenda oficial da reunião de Ouro Preto, que começa na quarta-feira.

Valor Economico
13/12/2004