Mercado passa por ajuste e interrompe ciclo de recordes

09/01/2009

SÃO PAULO – Depois de algumas semanas consecutivas de recordes importantes, os mercados brasileiros finalmente se renderam a um ajuste de posições, desencadeado por notícias provenientes da cena externa.

Depois de encerrar a sexta-feira anterior (18) em sua máxima histórica de 52.078 pontos, o Ibovespa acumulou queda de 0,88% na semana, enquanto o dólar comercial resistiu ao mau humor dos mercados e caiu 0,41%, estendendo sua trajetória de desvalorização. O risco-país aumentou e os juros futuros subiram.

Cenário externo: sinal vermelho na China

No âmbito externo, a preocupação com uma bolha especulativa na China espraiou pessimismo ao reacender o temor de uma reprise do ocorrido em 27 de fevereiro – nesse dia, as Bolsas de todo o mundo sofreram com uma forte queda das ações chinesas.

Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, alertou para uma provável drástica correção na renda variável do país asiático, acreditando que o atual nível dos papéis é insustentável.

Reforçando o clima mais negativo, vários indicadores da economia norte-americana reduziram a probabilidade de uma flexibilização da política monetária dos EUA ainda neste ano. Os pedidos de bens duráveis, o número de pedidos de auxílio desemprego e as vendas de casas novas naquele país corroboraram um cenário de uma desaceleração menos vigorosa da economia.

Cenário interno: Moody´s tirando o atraso

Internamente, depois das agências Fitch e Standard & Poor´s subirem o rating soberano brasileiro em moeda estrangeira para um degrau abaixo do investment grade, a Moody´s colocou em revisão esta nota para possível elevação.

A avaliação da agência, dois passos do grau de investimento, ainda está defasada frente às classificações de Fitch e S&P.

Em termos de indicadores econômicos, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de maio reiterou um cenário de controle do nível geral de preços. E a esfera política voltou a ocupar espaço significativo na mídia com a Operação Navalha e a queda do ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.

Ibovespa enfrentou realização de lucros

Acompanhando a performance de Wall Street e sob a pressão por realização de lucros, o Ibovespa acumulou queda de 0,88%, fechando a semana cotado a 51.618 pontos.

Apesar da queda, analistas consideraram o ajuste “natural”, dado o histórico recente bastante expressivo. Para a interpretação predominante, a baixa desta semana não representa a perda da tendência primária de alta.

Já no mercado de câmbio, o dólar comercial resistiu a pressão pelo ajuste e deu seqüência à tendência de queda, registrando baixa de 0,41%, a R$ 1,9510. A moeda norte-americana renovou seu menor nível desde janeiro de 2001.

Finalmente, no mercado de juros futuros, o contrato com vencimento em janeiro de 2009, que vem apresentando maior liquidez, projetou taxa de 10,63% na sexta-feira, frente aos 10,53% final da semana anterior. Já a taxa anual do CDB prefixado de 30 dias fechou a 12,15%, levemente abaixo dos 12,23% registrados na sexta-feira anterior.

Próxima semana promete

Na agenda da última semana de maio, o foco dos investidores do Brasil estará na divulgação das Notas de Política Monetária e Política Fiscal pelo Banco Central do Brasil, na terça e quinta-feira, respectivamente.

Nos EUA, semana com divulgação da ata da última reunião do Fed, na quarta-feira (30), da segunda prévia do PIB dos EUA (1º trimestre), na quinta-feira (31), e do Relatório de Emprego dos EUA, referente a maio, na sexta-feira (1º).

Fonte:
Info Money