Mercado interno reage e vendas reais da indústria crescem 22,4%

09/01/2009

A indústria de transformação do Estado de São Paulo vendeu 22,4% a mais no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, o melhor resultado para os seis primeiros meses do ano desde 1999 – base de comparação utilizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em junho, as vendas reais cresceram 1,9% sobre maio. O resultado foi considerado expressivo pela entidade, uma vez que em maio o crescimento sobre abril ficou em 4,9%.

A boa notícia ficou por conta da reação das vendas ao mercado interno verificada em junho nos setores de cimento, papelão, química e têxtil. O diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, Claudio Vaz, lembrou que este é o primeiro momento em que os dados de setores ligados à demanda doméstica são mais significativos. Os bens de consumo duráveis e de alto valor unitário como automóveis, celulares, linha branca e linha marrom – com vendas impulsionadas pelo crédito – continuam com bom desempenho.

Já o crescimento das vendas para o mercado externo é mais amplo e abrange uma variedade maior de setores, informou Vaz. Entre maio e abril, os destaques de alta das vendas reais foram os ramos de produtos alimentares (5,1%) – com encomendas voltadas principalmente para o exterior – química (3,6%), papel e papelão (3,4%) e material de transporte (3,2%). Na contramão, o setor de mobiliário teve queda de 5,5% nas vendas e a indústria metalúrgica apresentou desempenho negativo de 2,4%.

O nível de utilização da capacidade instalada no agregado da indústria subiu para 84,1%, contra 83,7% em maio e 78,6% em junho de 2003. A avaliação da Fiesp é de que este é um número alto, mas que ainda não preocupa. O diretor ressaltou que os gargalos maiores estão nas indústrias de base, como a siderúrgica. No entanto, ele lembra que é possível aumentar o número de turnos da produção ou reduzir a parcela exportada.

Algumas empresas que produzem componentes para a indústria de automóveis de linha branca, por exemplo, já atendem menos aos pedidos do exterior para suprir a demanda interna, conta Vaz. “Onde há gargalos também há uma solução”. Sobre o risco de reajuste de preços em caso de um alto nível de capacidade, ele lembra a restrição da renda e do emprego para um eventual repasse. “Os índices de preços ao atacado continuam acima dos praticados ao consumidor”, disse. Dentre os setores com maior nível de utilização estão o de material de transporte (90%), papel e papelão (89,8%), têxtil (88,2%) e químico (84,7%).

O semestre também foi positivo para o trabalhador da indústria. O salário real médio ficou 7,4% maior. No entanto, em relação a maio houve leve retração de 0,5%. Na comparação com junho do ano passado, o ganho real foi de 6,4%. Ao mesmo tempo, as horas trabalhadas na produção aumentaram em 2,2% nos primeiros seis meses do ano. Em relação a maio, o indicador recuou 0,3% e, na comparação com junho de 2003, subiu 4,8%. “O momento é positivo para a indústria, o crescimento é uma realidade, mas a força motora ainda são as exportações e os bens duráveis”, enfatizou o diretor.

Valor Online 30/7/2004
Raquel Salgado