Mercado espera juro de 16% ao ano
09/01/2009
Os resultados da pesquisa feita pelo Banco Central na última quinta-feira indicam que o mercado continua a acreditar que o Comitê de Política Monetária reduzirá o juro básico da economia, na reunião de amanhã, apesar da piora das expectativas em torno da inflação do IPCA. A mediana das projeções para o nível da taxa Selic no final de abril manteve-se em 16% ao ano, 0,25 ponto percentual abaixo da meta de Selic em vigor.
Já a mediana das projeções para a inflação do IPCA em 2004 subiu de 6% para 6,06%. Entre as cinco instituições que mais acertam previsões sobre o índice (Grupo Top 5), a deterioração das expectativas inflacionárias foi mais preocupante, pois, neste caso, a mediana referente ao IPCA saltou de 5,98% para 6,26%, quando usados os modelos de médio prazo. Apurada pelos modelos de curto prazo, a mediana das projeções do grupo Top 5 para o IPCA deste ano comportou-se de forma diferente e caiu de 6,19% para 6,16%. Ainda assim, está acima da mediana resultante do universo de instituições e empresas sondadas pelo BC (6,06%).
Tudo indica que as projeções subiram em função do IPCA de março, que apontou inflação de 0,47%. Em relação a fevereiro (0,61%), a inflação caiu. O problema foi o núcleo do índice que, por diversos critérios, subiu e surpreendeu negativamente o mercado. A inflação projetada para abril subiu de 0,41% para 0,44%, conforme a nova mediana do IPCA. As projeções para outros índices de inflação também pioraram. A previsão de aumento do IGP-DI este ano passou de 7,65% para 8%. A inflação prevista para o IGP-M subiu de 7,76% para 7,93%. Em relação à pesquisa da semana anterior, só caiu a mediana das projeções do IPC-Fipe, de 5,52% para 5,33%. A taxa de câmbio prevista para final de dezembro continuou em R$ 3,05 por dólar americano, embora o preço projetado para final deste mês tenha caído de R$ 2,92 para R$ 2,91.
Quanto aos juros, as medianas do agregado da pesquisa indicam taxa Selic no patamar de 15,5% ao ano ao final de maio e de 14% ao ano no final de 2004. A previsão de superávit para a balança comercial brasileira continuou a subir, saindo de US$ 24,2 bilhões para US$ 24,9 bilhões, bem próximo ao saldo do ano passado, de US$ 24,82 bilhões.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que espera, no mínimo, corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros na reunião do Copom.
Valor Economico
Mônica Izaguirre de Brasília
(Colaborou Raquel Landim, de São Paulo)